quarta-feira, 28 de abril de 2021

25 de Abril 2021 Jorge Golias

 25 de ABRIL 2021

Amigos e camaradas,
Há 47 anos os capitães de Abril, constituindo o Movimento das Forças Armadas (MFA), derrubaram o Regime de 48 anos de Ditadura, puseram termo à Guerra Colonial, e apresentaram ao país o seu Programa dos 3 DD: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver.
Neste “Dia Inicial, Inteiro e Limpo”, os portugueses festejaram nas ruas, o doce sabor da LIBERDADE, transformando o golpe de Estado num processo revolucionário, que teve o seu primeiro ponto alto no Dia 1º Maio de 1974.
Ao abrirmos as portas de Abril, depois da Festa inicial, colorida e musical, sabíamos que vinham tempos difíceis.
Foi preciso negociar a PAZ em África e dar os passos finais da Descolonização, desfasados no tempo, e acertando o País com os ventos da História.
Fizemo-lo com as limitações do tempo tardio, com a impaciência de muitos, aqui e em África, com as indecisões iniciais do novo Poder, mas sem as catástrofes humanitárias de outros processos de descolonização.
Planeámos a maior ponte aérea da História, trazendo para Portugal mais de meio milhão de portugueses, e promovemos a sua integração na sociedade portuguesa.
Preparámos as condições para que se fizessem as primeiras eleições livres das nossas gerações, para a Assembleia Constituinte, e ganhámos uma Constituição Republicana de que muito nos orgulhamos.
Ultrapassámos situações que nos dividiram, naturais num processo revolucionário, evitando uma guerra civil, e criámos as condições para entregar o poder aos civis, dando um exemplo ao mundo de militares revolucionários que não se apegaram ao Poder.
Nesta caminhada, muitas conquistas foram feitas em prol da melhoria das condições de vida dos portugueses, da emancipação da Mulher, da promoção de uma maior JUSTIÇA SOCIAL.
Estamos aqui para celebrar tudo isto, que foi obra de muitos milhões de portugueses.
Estamos aqui para mostrar a nossa vontade de continuar a celebrar e a defender a Democracia dos ataques que lhe têm sido movidos nestes últimos tempos, com o surgimento em Portugal de uma extrema-direita por onde passa o pior das sociedades modernas: o nacionalismo, o populismo, o racismo e outras discriminações e a mentira, como verdade alternativa.
Estamos aqui para lutar pela Liberdade, para lutar pelos Direitos Humanos e por uma maior Justiça Social, no nosso País e na Europa, a que pertencemos.
E sobre a corrupção, que vai corroendo a democracia, fiquem com este desabafo de um capitão de Abril: estão à espera de quê para criminalizar o enriquecimento ilícito?
*
Há uma causa universal, que devemos ter sempre presente, que é a das Alterações Climáticas, porque das nossas boas práticas dependerá o futuro. Aqui fica um apelo para que Estado, empresas e cidadãos, cada um de per si, cumpram a sua quota de responsabilidade ambiental que, sendo hoje um tema transversal e universal, configura a introdução de um 4º D, no Programa do MFA, o D da Descarbonização.
Também estamos aqui para vos dizer que devemos respeitar a nossa História, como a ciência do Homem no Tempo, com tudo o que ela comporta nos séculos que levamos de convivência comum.
Estamos aqui para vos afirmar que temos orgulho dos nossos antepassados, pioneiros na descoberta de novos mundos e na construção da primeira globalização.
Estamos aqui para assumir como herança o positivo e o negativo da nossa história, na certeza do muito que todos temos para compreender, transmitir, contextualizar e explicar sobre o passado.
Estamos aqui para lembrar o colonialismo e a guerra colonial, mas também o 25 de Abril e o regresso da Liberdade.
Estamos aqui para olhar, sem complexos, a longa história que escrevemos, para lembrar as caravelas, os monumentos, os heróis, assim como os erros, as feridas e os danos.
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Estamos aqui para comemorar Abril, num tempo difícil da nossa História, sob o ataque de um Inimigo invisível, que nos limitou a liberdade e os nossos direitos, que nos obriga ao cumprimento das regras sanitárias estabelecidas, que nos protegem – o uso da máscara e o distanciamento físico, mas não social.
Sabemos que vamos ter de viver com este inimigo muito tempo. Por isso devemos aprender a fazê-lo, sem perda de mais liberdade, sem perigo de agravar a situação, esperando que o Estado nos proteja, regulando-se pelas recomendações das instâncias nacionais e internacionais, que se regem pelos estudos científicos. Decidindo com fundamentação científica, mas também com critério político, quando as situações assim o aconselhem.
Também estamos aqui para lembrar que temos de evitar o afundamento da economia portuguesa, agindo com prudência, mas também com ousadia, dando prioridade aos mais frágeis e reconstruindo o tecido abalado da nossa sociedade.
Estamos aqui para dizer que nos preocupam os mais velhos que devem ter direito a outra forma de assistência, e à presença de conforto dos familiares; que nos preocupam os mais jovens que devem ter a Escola protegida; os jovens licenciados à procura do 1º emprego; a gente da Cultura, que tão abandonada tem sido; a multitude de pequenos empresários, com as falências à vista; e ainda os trabalhadores em geral, com os empregos em risco.
Estamos então aqui, com a consciência das nossas responsabilidades cívicas, recordando a data mais marcante das nossas vidas, a Revolução dos cravos, cravos vermelhos de Abril, que coloriram as ruas de há 47 anos, no dia 25 de Abril.
Estamos aqui para recordar todos os que lutaram por um Portugal democrático, em especial os que já partiram, na certeza de que juntos com os capitães de Abril, fizemos o 25 de Abril de 1974.
Estamos aqui ainda para saudar todo o pessoal do Serviço Nacional de Saúde, que tão sacrificado tem sido, e que com tanta coragem e abnegação nos tem respondido.
Finalmente, apelo aos jovens, filhos da Madrugada e Netos de Abril, para que liderem esta década do clima e do digital, lutando pelos valores que aqui se destacaram: A Liberdade, conquistada nesta madrugada, a Paz, com o fim das guerras em África e a Democracia com a Constituição da RP logo depois.
Amigos e camaradas aqui presentes:
Saúdo-vos por terem assumido o risco, calculado, de estar aqui hoje, neste contexto de sofrimento físico, mental e social.
Saúdo-vos também pelo vosso exemplar comportamento cívico nesta manifestação.
Bem hajam!
Viva o 25 de Abril!
25 de Abril sempre!
Viva Portugal!

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