terça-feira, 13 de julho de 2010

Crise de valores...

Há melancolia e rondam "tsunamis" fustigando sentimentos e afectos descuidados:de velhas vaidades românticas.Gente confundindo egoísmo com coisas sãs.A profunda crise de valores, no seio da qual,a crise económico/financeira não é de todo o mais grave.Há uma crise de cultura,de diálogo...de uma unidade de valores que deveria (e terá de) opor-se à ganância de aspirantes a poderosos...e aos que fazem"partido" de exilados e de lutadores de fachada(11.07.2010)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Inquietação:noz de galha de carvalho (metáfora)

Erguia-se como arbusto semi-selvagem e frequentemente se plantava à minha frente ou me aparecia como obstáculo limitador da libertação que merecemos e queremos!

Havia na minha mata quando era criança um arbusto que sempre me surgiu como o rei dos arbustos-o Leão das árvores rasas- e este era a "carvalheira"(galha de carvalho).
As carvalheiras não chegam ser carvalhos;os carvalhos além de árvores fortes e frondosas dão-nos aquela madeira(bela e duradoura) que torna os móveis de carvalho no valiosos património semelhante ao mogno tropical...galhas, quantas vezes erguidas à sombra de,também, uma outra árvore forte e majestática que é o castanheiro.
Acontece que a carvalheira brota um fruto seco que é completamente esférico...e como esfera que é (esse fruto...) na minha infância era o nosso berlinde, o da rapaziada do interior...utilizado no jogo das três covinhas; covinhas cavadas na terra no terreiro da minha escola primária.Escola Primária, Estado Novo,raparigas dum lado e rapazes do outro, virada para nascente,captando de Espanha bom vento e bom casamento...

Das carvallheiras nasciam, como já disse, esse frutos redondos com os quais brincavam os miúdos até aos nove,dez ,onze anos...eram os berlindes dos anos quarenta...antes de chegar a garrafa de gasosa "o pirolito",cuja tampa era uma esfera de vidro...interiormente colocada à pressão...partindo-o restava-nos o berlinde de vidro. Nós chamavamos-lhes "bugalhos ou bugalhas"...colocados na fronteira da inquietação e do irrequietismo da nossa tenra idade,perto da raia castelhana..ou da raia de outras nacionalidades refractárias da Europa.Os bugalhos eram comandados pelos nossos dedos que lhe ordenavam uma direcção,num movimento de bilhar,onde o taco é o nosso braço e a ponta do mesmo o nosso dedo médio em flecha com o polegar.Iimprimia-se-lhe uma direcção:para a primeira covinha e assim, sucessivamente, para a segunda e para a terceira...Quando os bugalhos foram substituídos pelos berlindes,esferas de vidro, apareceram os abafadores...e estes tinham o poder de abafar o esférico ao alheio...tipo grande potência...com alvará para roubar e oprimir...Já assim e naquele tempo o terreiro da minha escola/infância era "um teatro de operações" onde bailava a inquietação do contraste e da guerra...desde o condiscípulo pobre (que vinha -da aldeia longe- caminhados cinco ou seis quilómetros,com um saco de pano onde albergava um pedaço de presunto com um naco de pão de centeio) até ao filhos da classe média ou alta...sobressaindo desta, os filhos dos médicos da terra e o filho do juiz do burgo...e outros de militares e de comerciantes
Mas o sustento trazido de longe pelos que caminhavam de alpercatas ...tinha um cheiro forte e característico...tanto que inquietavam...Daqueles sacos feitos de trapos...libertava-se um perfume de
desassossego...eles ficavam e nós íamos almoçar a casa a sopa quentinha da mamã!!!
Mas que paradoxo...se aquele cheiro,sendo caseiro,ainda era forte e fraternal?!
Como aquele sustento germinava tamanho sobressalto que só podia gerar revolta!?

Manuel Duran Clemente (5.Nov.1991)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pregados na parede

Pregados nas paredes, sois gente .
Sois gente,
sois flores,
sois terra,
sois acidente...

Acidente é pregarem-vos na parede;
nessa monotonia em que sois sempre perfil
alinhado
da parede que vos mantém.

Peço-vos que faleis,Nada.
Peço-vos que cresceis,Nada.
Peço-vos que mudeis,Nada.

Sois sempre gente muda,flor curta,terra igual...quadros da minha casa!

(1962 Amadora---MD Clemente "Factos e Facções)

Vazio que apetece prrencher

Quarto de dormir
á noite
sem mulher

é vazio
que apetece preencher...

é carícia
que apetece fazer...

é pão
que apetece comer...

é apetite
de todas as coisas
entre nada e o infinito...

é orgasmo frustrado
que não negado

porque há tanta mulher
por aí

com o meu quarto de dormir!!!

(1960...circos e círculos/MDClemente Ponte do Sôr)

Estou sentndo..uma manhã...do primeiro dia...do resto dela

Não te estou possuindo.
Não te estou desflorando.

Estou saindo do teu ventre
Estou sentindo a manhã

Abrindo o cortinado: rompi,

Abrindo a janela: NASCI .

(1961/ciclos e círculos: Torre das Vargens/MDClemente)