Economia real e economia virtual (1)
"A loucura dos poderosos não pode passar sem vigilância"-Hamlet (*)
As noticias vindas a público nos ultimos tempos e curiosamente na "semana santa" vêm dar razão aos que nos ultimos anos alertam para a problemática da economia real e da economia virtual e dos que "teimosamente" insistem em que se cava maior o fosso entre os mais pobres e os mais ricos...Quando aqueles um dia, na generalidade, forem a classe média pode acontecer que a "burguesia" falida,acorde e pense que o seu comodismo era suicidário, se revolte e qualquer coisa parecida com a Revolução Francesa aconteça!Como já tudo é global, não teremos "este tsunami" a nivel dum país, ele extravazará fronteiras.Como já acontece com a "ondulação" das marés vivas!
Falámos aqui n,a força do Mercado e do Ultraliberalismo Global, há uns tempos,falámos da força de economia virtual que se soprepôs à economia real,citámos investigadores e especialistas do ramo...
Pois, aí temos,caros leitores,agora é o ex-presidente da Reserva Federal USA,Mr.Greenspan,que vem cinicamente avisar que que vem aí a maior recessão económica dos últimos sessenta anos.Diz o insuspeito cronista M.S.Tavares (Expresso/21 p.p.) que é pena não tenha feito o aviso quando do alto do seu pedestal de controlo e influência «assistiu tranquilamente ao crescimento da bolha imobiliária»(....)«à ganância de banqueiros de vão de escada(escudados em bancos mais poderosos e supostamente mais responsáveis),incentivando os consumidores a recorrerem ao crédito e assim manterem os preços especulativos do [mercado] imobiliário.»(...)«E quando assistiu também,sem uma palavra aos esforços perseverantes do Sr.Bush para derreter os excedentes orçamentais herdados de Clinton e voltar a endividar o Estados Unidos até ao tutano,para melhor satisfazer a sua clientela de amigos e correligionários com interesses no petróleo,na indústria de armamento ou na "reconstrução civil de Iraque"»(Intercalados e sublinhados nossos).
Com o Dólar em queda livre os esforços feitos em todo o mundo vão,efectivamente, esbarrar com a concorrência desleal dos produtos americanos.
Vai acontecer em Portugal onde as empresas que se inovaram e se reconverteram,contribindo para o célebre equilibrio do deficit,se confrontarão com o obstáculo supra citado.
Vai acontecer na Europa em geral e, em particular, com as empresas cujos "chifres d'affaires" se construiam na base das exportações para um mercado consumidor, de peso, como era o dos USA e para onde agora, com o euro a 1,64 dólares, não se consegue vender nada.
Os esforços das emergentes potências,apesar das correctas críticas ao abuso, da quase escravidão a que sujeitam a sua mão de obra,para que no entanto milhões de chineses,indianos e outros cidadãos do terceiro mundo,saiam da miséria de que procuravam sair...esses esforços esmagam-se em trágicos revezes.
Voltando a citar S.Tavares «Milhares de pessoas em todo o mundo vão ser devolvidas à mais infame miséria de que se tinham conseguido erguer para pagar as aventuras da Halliburton,do sr.Dick Cheney,do sr.Donald Rumsfeldt e dos amigos do Texas desse completo cretino que é o Presidente dos E.U.A.
Mas mesmo nos Estados Unidos,e como seria de esperar,são os pobres que vão pagar a factura do desgoverno dos milionários:vinte ou trinta milhões de americanos estão condenados a virar "homeless"[sem abrigo] a curto prazo...»
Mas dada a globalização, será possivel aos E.U.A evitar a falência completa do seu sistema,através das trocas comerciais,vendendo ao mundo inteiro mais barato e não comprando nada.
Querem os cidadãos-o cidadão comum- que os seus impostos gerem um "melhor Estado"e "menos Estado".Queixam-se, com razão, que mais de metade do que ganham, se esvai em impostos directos e indirectos!
Em contrapartida, em certos casos, como é o nosso,o Estado não parece pessoa de bem.Trata mal quem mais lhe dá.Permite que os que mais proveitos auferem -especuladores que nada acrescentam e movimentando-se com mestria na economia virtual- não paguem impostos...
São os que se servem dos "off-shores" para fugirem ao fisco...
São os concorrentes desleais dos que contribuam para o desenvolvimento e respectiva criação de riqueza no seu país.Os que pagarão todos os encargos fiscais.
Poderão dizer:desculpa esfarrapada,de que lhes serve pagar impostos se o Estado gere mal.
«Era o que faltava!»,isso diremos nós.
Porque independentemente de Politicas e da Gestão,de cada uma delas,"não se fazem omeletes sem ovos"e não são os ricos que vão para a bicha dos hospitais,têm os sobressaltos da crise escolar,dificuldades na habitação e "secura desértica" no emprego dos seus filhos e de tantos e tantos outros constrangimentos.
Não são os "ricos da economia real" ou os que destes se juntam aos "ricos da especulação financeira e da economia virtual" que se queixam das carências.Uns desejariam ganhar mais,pagando menos impostos.Outros desejariam não ser conhecidos.Os primeiros ainda podem entender-se se repartirem melhor,uma parte, ou se a aplicarem num desenvolvimento sucessivo.E chega de ganância(que voltou a ser pecado mortal)!!!
Porque sem essa consciência cívica (em geral) cai-se num ciclo vicioso onde em "casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão."
Mas altamente inquietante é a noticia de que o próprio Estado português investe milhões de Dólares em "off-shores" onde nos últimos dez anos o investimento teria tido um aumento de dez vezes mais, isto é , de 2,2 mil milhões de Dólares (em 1997) para 23 mil milhões (em 2006).Particulares e Seguradoras,com parcelas próximas,respectivamente, cerca de 9 mil e cerca de 8 mil milhões.A Banca a seguir(com cerca de 5 mil milhões) e o próprio Estado também com cerca de 240 milhões de Dólares.
Espera-se um esclarecimento para breve do nosso Ministério das Finanças e também de que seja um facto de que a maioria dos particulares,não sejam portugueses(?),o que contraria as estatísticas do "Coordinated Portfolio Investment Survey".
Nada de pessimismos? Como?
Com estes sistemas dentro do Sistema e a servirem o Sistema e em circuito fechado...só quando a ondulação for forte e com vários metros de altura.
(continua)
Manuel Duran Clemente
Almadena, 22.03.08
domingo, 1 de maio de 2011
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