domingo, 1 de maio de 2011

25 de ABRIL.....Sonho e Luta 37anos

25 de ABRIL Sonho, Luta, Revolução e Esperança...
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Todos os que não se sentiam bem…com a ditadura… fizeram o 25 de ABRIL.

Fomos um só povo: europeus e africanos. Os do Norte e os do Sul, do Litoral e do Interior:
A sentir em português o acto: REVOLTA...
A falar em português a palavra: LIBERDADE...

A guerra que travámos tinha várias espécies de “teatro de operações”:

O teatro de operações não era só em África, na guerra colonial…era em toda a parte
onde se lutava,
onde se trabalhava
onde se sofria,
onde se aprendia,
onde se conspirava
onde se crescia…
onde se queria um 25 de Abril.

A guerra em que nos meteram “Portugal uno e indivisível “ e “orgulhosamente sós” isolou-nos ainda mais …Mas como há sempre verso e reverso, a dialéctica encarregou-se:

-de nos colocar contemporâneos com o clima de mudanças;
-de germinar em nós a descolonização/libertação:
- Primeiro, da ditadura opressiva de quarenta e oito anos.
- Segundo, do colonialismo atávico de quinhentos anos.

”Libertámo-nos” duma prisão, dum isolamento e dum obscurantismo e quisemos, com os novos ventos da História, enfunar as velas de velhos navegantes:
-rumo a outra Amizade e Cooperação entre os povos;
-rumo a outra Participação, de nós próprios, no nosso Futuro.

E…só assim foi possível o 25 de ABRIL…

Portugal redimiu-se numa noite e fez surpreendentemente, dum conjunto de jovens militares, emergirem capitães, timoneiros do povo armado…mas também, sob a égide dum povo unido, erguer uma das mais belas alvoradas.

Nós capitães, anos após anos, constatámos que afinal o nosso inimigo não estava na mata tropical mas no Terreiro do Paço…Altas patentes militares e Governantes mentiam-nos sem pudor.
E foi, paradoxalmente, com os conhecimentos adquiridos nessa guerra, que soubemos preparar com profissionalismo e competência a tomada do poder.
E tomar o exemplo de todos, fossem quais fossem os seus “credos”…de todos, os que durante décadas, foram combatentes da Liberdade, precursores, estímulos e progenitores da acção do Movimento das Forças Armadas.
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Uma Alvorada libertadora, só por si, não faz uma Revolução…mas há Alvoradas que as fazem.

Nesse dia, há 37 anos, o 25 de Abril sendo um Golpe Militar, trabalhoso e difícil, cuja intenção e grandeza não se poderão negar, teve na estrondosa adesão popular a plataforma para um estado superior : e por isso foi REVOLUÇÃO.

Ao povo, aos cidadãos… foi restituído o que era deles e por isso eles acorreram: a tomar nas suas mãos o que lhe era pertença:
-nas instituições;
-nas fábricas;
-nos bairros;
-nas escolas;
-na terra…no campo…na serra.
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Hoje, passados trinta e sete anos, o Portugal Democrático não tem nada a ver com o Portugal da ditadura.
É fundamental não perder de vista esta realidade.

Não confundamos os males de então com os dias extremamente difíceis de “hoje”, que já o eram “ontem” e têm vindo a sê-lo ( há tantos) destes 37 anos.
Quiçá, terão mesmo alicerces numa data venerada pelos inimigos da Revolução, dum certo Novembro da nossa Primavera.

Alguns desesperados desabafam: “está tudo como dantes”...”está tudo na mesma “ ou ainda “até pior”.
Não o devem repetir. Isso significa comparar tempos e agonias diferentes.
Cuidado…não branquear o fascismo. (*)

Os desencantos de hoje e respectivas frustrações nada têm a ver com o 25 de Abril.

Os desencantos de hoje e respectivas frustrações são fruto duma coligação de interesses e conjugação de factores internos e externos.

Às raízes antigas, outras se lhes vieram juntar.

Globalmente são resultado da essência e natureza dum sistema predador:

-Responsável pela miséria, pela fome e pela doença de milhões de seres humanos.
-Responsável pela depauperação de países e pela pilhagem de continentes.
Chama-se: “capitalismo”, com diversas alcunhas:
-neo-liberalismo,
-ultra-liberalismo global…
-e, até já, só simplesmente da curta expressão “mercado livre”.

Em 25 de Abril quisemos que as pessoas, os portugueses participassem no futuro.
Quem deixou? Quem permitiu (como e quando)? Que agora, nos dias de hoje, seja o MERCADO LIVRE e os seus tiranetes a mandar em nós ???
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Há anos que vimos afirmando que o sistema gera desumanas situações sócio-económicas, com uma aparente e ilusória contrapartida de progresso económico,

onde os ricos tem ficado cada vez mais ricos
e os pobres, cada vez, mais pobres.

Há muito que a economia social foi estrangulada e a vertente financeira (especulação) se sobrepõe à vertente produtiva (economia real).
Esta é a essência da crise .Infelizmente é-o há muito.


E o que é que isto tem a ver com o nosso 25 de Abril?? Perguntarão.

Tem tudo a ver.
Para nós Capitães de Abril, para a esmagadora maioria de nós, de todos nós, o verdadeiro 25 de Abril assentava numa base programática (o programa do MFA) com os direitos e os deveres do cidadão, dignos dum Estado-Social…e que, graças à luta dos progressistas, a Constituição da República Portuguesa viria a consagrar, em letra, em 2 de Abril de 1976.

Que País e que Estado-Social temos, 37 anos depois?

Há trinta e sete anos quisemos um país novo.
O programa do MFA deu o mote: descolonizar, democratizar e desenvolver.

Tivemos muitos avanços e grandes recuos. Mas…
Que outra “guerra” ou outras “guerras” nos atormentam?

Dos marcos da Revolução Social: Liberdade, Igualdade e Fraternidade (Solidariedade), os poderes instalados só vibram com a Liberdade.
Mas onde andam a Igualdade, Fraternidade e a Solidariedade?
É que a Liberdade, anda de boca em boca, para que haja cada vez mais liberdade para : “explorar”… “oprimir” … “mentir”…“manipular”.

Sendo um país diferente :
-muitos sonhos ficaram por realizar,

-muitas situações de injustiça e iniquidade convivem connosco ainda hoje e agora!

-a gravíssima crise interna deve-se à coligação de interesses que nos tem desgovernado!

-e à crise internacional pretendem os poderosos curá-la com os mesmos falsos remédios que a criaram!

Voltámos a estar em “guerra”.E sabemos onde estão os inimigos.
Estando muito diferentes de há 37 anos, estávamos longe de pensar, que absurdos e negativos indicadores e comportamentos dos governantes hoje nos colocariam …próximos duma bancarrota social e financeira.

Que irá acontecer aos dois milhões no limiar da pobreza?
E aos cerca de um milhão com emprego precário?

Que se passa?

Desde operário a licenciado o português é bom profissional em todo o mundo! Que nos fazem ou deixamos que nos façam cá dentro.
E os sucessivos Governos que têm feito?
O 25 de Abril merece mais, merecia mais.
Merecia e merece outra Politica.Merecia e merece outra cultura e outra mentalidade!
Outra classe politica diferente da que tem detido o poder desde os Governos Constitucionais que infelizmente não têm sabido, em muitos momentos, estar à altura da grandeza da LIBERTAÇÃO de ABRIL.

Em 35 anos os sucessivos governos têm-se mostrado reféns de várias grilhetas.

a)-Internamente:

*Reféns de uma cultura “de poder pelo poder” em vez “do poder pelas
pessoas, pelas nossas gentes”…

*Reféns pela mentira, pela manipulação, pelo “faz de conta”…

*Reféns pelo angariar clientelas a todo o custo…criando elites sôfregas por lugares ao sol…e que por aí vão propagando formas de estar e de vivência nada condizentes com o espírito de Abril…

*Reféns de se fazerem de “ouvidos moucos” das verdadeiras necessidades
e ensejos do povo trabalhador…

*Reféns de acções constantes dum asfixiar das responsabilidades cívicas e
dos direitos de participação e da cidadania activa que Abril abriu…

*Reféns,por muito que nos custe, do prodígio da incompetência e da
estratégia do suicídio…que o mais pessimista de nós nunca esperaria após o
25 de Abril…

*Reféns da ilusão de alternativas salvadores mas que apenas têm escondido o papel de afundadores do País de Abril, repetindo e alternando a farsa a que se entregaram nesta três décadas…subvertendo na prática as normas, os fundamentos e as linhas orientadoras da Constituição de 1976…e até querendo atribuir-lhe os males do País…

*Reféns pela incapacidade de desmontar uma intensa ofensiva ideológica levada a cabo pelos órgãos de comunicação, propriedade do grande capital, cujo objectivo tem sido criar condições favoráveis à continuação da política dos poderosos…e à desqualificação da vida dos trabalhadores…

*Reféns da corrupção, da apropriação, assalto e esbulho aos bens, que
supostamente deveriam estar ao serviço de todos os cidadãos, mas têm servido para a criação de coutadas geradoras de lucros e escandalosas remunerações e prémios anuais recordes do mundo …(**)

*Reféns, pecado maior, do mando dos grupos financeiros e económicos nacionais, a cuja subordinação, esta nossa democracia já compete com os piores tempos da ditadura…

b)-Externamente

*Reféns duma débil e falsa União Europeia (um gigante de pés de barro)para onde partimos (em 1985) apenas com dez anos de democracia e com um estrondoso atraso estrutural económico (herdado da ditadura) que só por si merecia, como muitos avisaram, outro tipo de negociações, outras cautelas, leviana e festivamente, desprezadas…

*Reféns da incapacidade de fazer valerem os pontos de vista nacionais, submissos à abdicação e imposição que nos fragilizaram em sectores económicos vitais (como nas pescas, na indústria e na agricultura…) entre outras malfeitorias semelhantes…

*Reféns ou aliados à cegueira de não perceber que a crise internacional teve responsáveis…os mesmíssimos que agora a querem curar à custa dos mais fracos e dos que são sempre sacrificados:quem trabalha e produz…

*Reféns ou cúmplices da ignorância do que tem acontecido aos povos que recorreram à designada “ajuda externa” que não é mais do que um “eufemismo” porque significa tudo menos ajuda. É exploração, é especulação, é ingerência…(***)

*Reféns duma lógica de integração capitalista que é o aumento da acumulação e concentração de capital dos grandes conglomerados de empresas, dos monopólios dos países mais ricos e desenvolvidos que não só engordam à custa do saque dos países do terceiro mundo, como também dos países menos desenvolvidos da U.E….

*Reféns, pecado ainda maior, de não perceber que as ditas crises financeiras resultam das crises do capitalismo e baseiam-se sempre na sobre-acumulação de capital na esfera da produção. Não perceber que perante as crises ou impasses o capital monopolista irá tornar-se mais agressivo, predatório e sem escrúpulos, intensificando a exploração dos trabalhadores. O objectivo é a redução do custo da força do trabalho…
*Reféns de não perceber ou ser cúmplices de que nenhum pacto, mecanismo ou programa de estabilidade, poderá, só por si, debelar a crise ou resolver as contradições do capitalismo, como ataque selvagem e bárbaro do capital contra os direitos e vida dos trabalhadores, das camadas populares e dos jovens… …

*Reféns de não compreender que com a continuação das politicas e dos comportamentos ,que teimosamente o Capital impõe ( perante o qual se têm vergado os responsáveis portugueses)…com a continuação dessas políticas o desemprego, a pobreza, e as contradições entre os estados-membros da U.E. irão aumentar, com graves consequências para os povos…

*Reféns de não entender que a escalada de ataques antipopulares atingirá todos os estados membros da U.E, porque o Capital Monopolista quer é reduzir o custo da força do trabalho, o seu objectivo fulcral é reforçar a competitividade não só em relação aos EUA, mas também em relação às forças emergentes como China, India e outras, com mão de obra muito mais baixa… a questão dos défices e dos endividamentos pode ser apenas e tão somente uma cortina de fumo…

Nada disto tem a ver com o que deu razão ao 25 de Abril….
Tudo isto é contrário ao que aliança POVO-MFA queria, na alvorada libertadora…

Que viesse o “mercado” mandar nos nossos destinos…que nos hipotecassem “a Liberdade e as Conquistas da Revolução” aos desígnios dos poderosos…e do CAPITAL? Nunca.

Nunca e por isso….haverá a urgente necessidade de ligar duas lutas, sem tréguas:
-a luta contra o capital
-a luta pelo poder do povo…

Restaurar em nós o ânimo de prosseguir Abril.

Um 25 de Abril digno dos trabalhadores, dos jovens e dos desfavorecidos.
*Digno de todos aqueles que têm contribuído para que a Constituição Portuguesa não se fique por retórica…
*Digno de todos aqueles que têm lutado para que o projecto de Abril sirva às gentes e não só a uns privilegiados…
*Digno de quantos… nas suas estruturas e organizações, nos seus sindicatos, lá onde podem, utilizam as novas armas que Abril lhe deu…

A luta continua e com ela continuará sempre…o sonho, a revolução e a esperança: que fizeram Abril, que deram força a Abril.

Tal como há 37 anos.Tal como durante 37 anos.
Há vitórias e derrotas nas constantes batalhas da Vida....mas a grande Vitória é continuar a lutar...a lutar pela igualdade e justiça social.
……
Todos nós somos parte da solução. Temos de existir. Temos de votar.
Não recomendo voto em branco. Votem nos que têm lutado, desde sempre, pela igualdade e pela justiça social e contra as grilhetas dos poderosos.
Todos nós somos parte da solução…repito.

Grândola vila morena/terra da fraternidade/o povo é quem mais ordena/dentro de ti ó cidade….”

O 25 de Abril está vivo e continuará.
25 de Abril sempre..

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Notas ou Observações complementares

(*)(Indicadores de 1974 comparados com indicadores recentes)

Analfabetismo: 34 % hoje cerca de 5%.
Mortalidade infantil: 38 por mil “ 3,3 por mil
Salário mínimo: 16,46 Euros “ 485, Euros
Lares com luz : 36% “ 0,3%
Lares sem água: 53% “ 1,5%

Criação dum Serviço Nacional de Saúde.
Apesar das carência triplicou o nº de médicos por habitante
Renovação na Escola, multiplicando por 25 o nº de licenciados.
Outros direitos e outra garantias…constitucionais…hoje ameaçados… é verdade!
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(**)

…Uma das justificações para as privatizações, a partir de 1989,era reduzir a divida pública. Vinte e dois anos depois, esta divida quase duplicou…e agora cerca de metade ou mais do capital dessas empresas está nas mãos de estrangeiros e só nos últimos seis anos já tiveram lucros líquidos superiores ao valor então arrecadado pela venda do estado (cerca de 40 mil milhões de euros) que obviamente é repatriado…e deixa de ser reinvestido na nossa economia…
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(***)

A dita “ajuda” a Portugal será de 80 mil milhões de Euros:55 mil para pagar os juros da divida até 2014 e o restante para fundo de recapitalização da banca e para amortizar passivos de empresas públicas. Em 2014 estaremos na mesma ou pior?
E o “Mercado Livre” a rir-se. Claro. Engordando a especulação à custa dos sacrificados de sempre.
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30/Abril/2011
(Excertos duma intervenção, feita por mim hoje, no Barreiro [nos Penicheiros] a convite de todas as Juntas de Freguesias deste bravo Concelho)

1 comentário:

  1. Entrei, bebi as palavras.Senti aromas de Abril, identifiquei-me com a sua escrita."aninhei-me" nas palavras- Fiz-me sua seguidora e senti-me tão bem que prometo voltar.Obrigada, querido capitão de Abril.Adorei!Beijinho

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