O mirante al mirante: GUINÉ a dizer a J.M.Correia Pinto:

GUINÉ 1974 : - muita mancarra, boa manga, algum caju ... nem demos pelo "chabéu" nem pelo marisco...mas ajudámos o desmascarar o fascismo. Onde estive os inesquecíveis dias, de 30 de Julho/73 a 28 de Setembro de 1974, (14 meses ou 425 dias). ... Já conspirávamos com Pinto Soares, Luís Macedo...Mendonça Frazão, Borges Correia e outros na DAEngenharia e DSFObras Militares em Sta.Clara-Lisboa. MDC.

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#José Manuel Correia Pinto (Relato)

Ontem às 00:05 ·

#GUINÉ 1974

Mais ou menos por esta hora, estávamos em Santa Luzia, no espaço do Quartel General, (Messe/Clube de Oficiais/ Bissau-Santa Luzia ) a ver ao ar livre o filme de António Pedro Vasconcelos, " Perdido por Mil," quando alguém da Marinha, se abeirou do Pessoa Brandão e lhe disse qualquer coisa em voz baixa.

O Brandão levantou se com o seu ar pesado e disse-me: "Tenho de ir para baixo; arranjem alguém que vos leve. Amanhã falamos... espero eu".

Quando chegámos a casa bati na porta dele, que morava no andar por baixo do nosso, mas ninguém respondeu.

Naquela altura corriam muitos boatos. A nossa situação militar era má e todos nós o sabíamos. Poderia ter havido uma emergência. O Brandão não era homem para se deitar tarde. Estava também muito presente o falhanço das Caldas, embora o Ten Judas, de passagem pela Guiné, em princípios de Abril, tivesse "garantido" que aquilo não era o que estava para acontecer e que o que "estava para acontecer", aconteceria mesmo dentro de pouco tempo.

A malta da Reserva Naval que se "interessava por estas coisas" e os milicianos do Exército que estavam no mesmo comprimento de onda, bem conhecedores dos sucessivos fracassos militares desde 1926, não depositaram grandes esperanças nesta via, embora a outra, a da Revolução Popular Armada, também não se via como pudesse acontecer.

Mentiria se não dissesse que temíamos muito mais um golpe de direita, do que qualquer outra coisa "vinda do nosso lado".

E com estas dúvidas, que já não perturbavam o sono, adormecemos.

Na manhã seguinte, a caminho do Comando da Defesa Marítima, passei como de costume pelo Café Bento para a bica matinal.

O Bento, eufórico, mal me viu entrar veio ao meu encontro e só me disse: "Dr., desta vez não falha mesmo, o mais importante já está tomado e o Marcelo fugiu para o Carmo, mas já não sai de lá".

Corri para o Comando Chefe para falar com o Melo Gomes (anos mais tarde Chefe do Estado Maior da Armada) que estaria seguramente a par de tudo por ser o homem das comunicações (cifra, etc) .

Depois, em Bissau, foi o que se sabe e que já muitas vezes foi contado.

Perto da meia noite ou talvez mais tarde, a grande desilusão abateu-se sobre muitos de nós quando, depois de tanta espera, ouvimos o Spinola, como Presidente da JSN, a ler o resumo do programa do novo poder.

Ora bolas, vamos ter Bissau, a malta do Comando-Chefe, os spinolistas todos a mandar em Lisboa.

Contrariamente à noite anterior, a de 25 para 26 foi dormida com muitas dúvidas.

Na sexta-feira levantei-me cedo, entrava de serviço, como oficial do dia, às 8.

E só então quando o Vítor Alves leu, na rádio, na íntegra o programa do MFA é que ficamos convencidos de que não haveria retorno. Aquilo era mesmo o que todos estávamos à espera.

19 comentários

#Manuel Pinto de Oliveira

Relembrando Baptista Bastos, todos nós lembramos o nosso dia 25 de Abril.

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#Vitor Miragaia

Até choraminguei de desilusão quando ouvi o discurso do Spínola.

Responder1 d

#Ana Amélia Bouça Monteiro

Dia feliz, tempo de muitos sonhos !

Viva o 25 de Abril !

Responder1 dEditado

#Fernando Sousa Marques

Temia-se um golpe da extrema direita. Havia a sigla K desenhada em várias esquinas de Lisboa. Kaulza de Arriaga?... Mas aconteceu a manhã mais linda!

Responder1 d

#Silvina Oliveira

Um dia pelo qual todos nós esperávamos. Viva a liberdade

O GIF pode conter Clapping Hands

Responder1 d

#Maria Pires

25 Abril Sempre

Responder1 d

Manuel Duran Clemente a dizer a J.M.Correia Pinto:

-Se me tivesses perguntado e ligado para o BIG (Batalhão de Intendência da Guiné...onde fui segundo comandante e conspirador desde o dia seguinte a ter chegar) tinha-te esclarecido melhor. Mas tinhas lá na tua/nossa Marinha (além duma boa messe) o Pessoa Brandão, o Marques Pinto, (os dois que integraram connosco a Conspiração desde Outubro de 1973 ) o José Morais, o Bouza Serrano e mais... Abraço. Então? Quando almoçamos com o Lamego ??? MDC.

Responde 5 h

#José Manuel Correia Pinto responde a M.D.Clemente:

Manuel Duran Clemente. _ Sim, tudo Amigos com quem diariamente contactava. Mas tens de reconhecer que foi um acto de enorme coragem o que Vocês fizeram .E mesmo sem pôr em causa essa coragem, era natural que à época se admitisse que a vossa acção estaria condenada ao insucesso, dados os antecedentes militares ...

Engano redentor o nosso, afinal Vocês eram a mais pura expressão da geração daquela época, uma geração ímpar que , quando muito, aparece num país uma vez por século.

Ainda hoje, quase meio século depois, fico profundamente comovido com o vosso acto heróico . Tempos depois acabamos todos por ser vítimas desse sucesso . Faltou nos a maturidade política que nos teria permitido consolidar essa extraordinária vitória . Mas nem tudo se perdeu, embora o próximo futuro seja uma grande incógnita.

Quanto ao outro assunto, agora estou no Algarve, mas quando for a Lisboa, o que pode acontecer de um momento para outro, garanto que te comunico com antecedência para combinarmos o encontro com o nosso Amigo Lamego.

Abraço, 25 de Abril sempre!

Responder4 hEditado

#Luisa Amaral

Manuel Duran Clemente José Manuel B. Mendes de Morais era o "centro" naval.

Responder 2 h

José Manuel Correia Pinto

#Luisa Amaral O "puto" Morais? Conheço muitíssimo bem todos os nomes da Marinha citados pelo Manuel Duran Clemente .

O Morais tinha a irreverência da juventude, acamaradava muito com o Mata e o Moura, além do Serrano, e tinha no CDT Figueiredo o seu guia espiritual . Mais tarde foi meu aluno na FDL e depois advogado no Algarve. Estive com ele no CMN há cerca de 3 anos.

Esqueci me de dizer que fizemos, eu e ele, parte do Tribunal da Marinha, criado em 1973, de que fomos os fundadores juntamente com o CMD Mendes Quinto que presidia. Eu era o defensor oficioso, o Morais o promotor, embora a maior parte das vezes "desempenhasse" ele o meu papel, tal a sua aversão às penas...

O Bouza Serrano era humanamente um tipo espectacular.Na Guiné estava muito próximo da social democracia sueca. Até faziam conferências na Messe velha sobre o tema.

O Marques Pinto era mais reservado, mas muito firme nas suas convicções.Durante o tempo da Guiné quase nunca ou mesmo nunca falei política com ele, mas fizemos várias viagens juntos,ele pilotava uma aeronave da Marinha Depois do 25 de Abril e mais tarde conheci-o melhor politicamente E muito fixe

Mas havia mais gente do quadro muito interessante Eu gostei muito de ter estado com todos eles na Guiné, com excepção de dois ou três , no máximo

Responder2 h

#Luisa Amaral

José Manuel Correia Pinto o "puto" ele é que era o responsável da organização clandestina democrática da Armada, lá na Guiné. Depois havia um movimento democrático esse conjunto de gente que mencionou mais o Covas. Fraterno abraço.

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#Luisa Amaral

E nesse momento, finais Março princípios de Abril não havia disponíveis "melhores esclarecimentos". Fraterno abraço

Responder2 h

José Manuel Correia Pinto

Luisa Amaral Faltou me falar do Luís Brandão com quem estava todos os dias, éramos vizinhos, e que igualmente participava naquelas tertúlias , muitas vezes na minha casa. Era também social democrata à Olof Palm, enfim, malta de esquerda que aceitava se…

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#Luisa Amaral

José Manuel Correia Pinto agradeço a partilha dessas boas recordações. Havia outros designadamente o Alcindo Ferreira da Silva, o Ferreira Junior que eram comandantes destacamento de fuzileiros e outro pessoal da Armada que andava nos patrulhas e na… Ver mais

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Manuel Duran Clemente

Luisa Amaral José Morais um Amigo "Advogado e Cível" e "Camarada Civil e Militar" do coração. Encontramo-nos todos no primeiro sábado de Agosto, 30 Marinheiros e 2 ou 3 do Exército, e companheiras -alguns- num restaurante a seguir a Olhão ... e antes da Fuzeta, onde ele mora (e é organizador deste encontro) , apanhamos todos uma bebedeira das antigas....com ,entre outros, Martins Guerreiro, M.Begonha,José Boto, Américo Soares... tudo malta "sempre em pé" mesmo deitada. Bjs. MDC.

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TER MEMÓRIA ....GUINÉ 1974. MDC.

(Na foto : Bissau/ Entrevista de Joaquim Letria para a RTP em Agosto de 1974. Levou à ira o "democrata Spínola" que despediu J.Letria da RTP depois de ver a Televisão no Bussaco, onde o fdp estava no bom-bom.!!!

**Barros Moura (representando os Milicºs). Um jovem ofic. da Marinha, Jorge Alves ,Eng. da F.Aérea (representando a F.A), Duran Clemente da Comissão Coordenadora MFA/GB. e J.Letria.) Outra foto: passagem de poderes da Câmara de Bissau para o Juvêncio, quadro do PAIGC, cunhado de Amílcar Cabral e o nosso abraço fraterno. MDC. Ano de 1974.

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Shivah Huney, José António Rosado e 2 outras pessoas

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