EVOCAÇÃO
50 anos de
entrada no PILÃO
(1953-2003)
Nesta cerimónia
sois um pouco o símbolo do que para nós era a Direcção e o corpo de
professores e militares (oficiais, sargentos e praças)...
Outra palavra, com o mesmo sentimento e um especial abraço ao Sr. Presidente da APE, Coronel Borges Correia ,que aceitou o nosso convite, sabendo quanto estimamos o que significa a sua presença . Como Presidente da nossa Associação de ex-Alunos é a representação do condiscípulo mais velho, a ideia do Pilão mais velho que sempre nos marcou como referência ; referência cheia de significados, de contrastes e até de pontos cardeais dos nossos anseios...
Os mais velhos ,os que íam à nossa
frente...fazendo a história do Instituto.
quedarmo-nos
mudos
trocar
abraços
reprimir
ou esconder lágrimas e nostalgias.
Quantas
alegrias esbaforidas por aqui
tropeçaram, voando “chanatos” ?
Quantas
brincadeiras ingénuas zaguezaguearam por estas arcadas?
Quantas
chuvas e sois nos fustigaram e estas
paredes nos acolheram?
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...de
cotim,de samarra,de capote,de fato- treino...
...de
“numero um “ou de gala..- ...barretinas ao vento... –desfilámos por estes
claustros.
Nem
é por acaso que é numa das suas paredes que ficará ,pelo
Os que já partiram:
69-Frazão
Gouveia presente
106-Jorge
Pimentel presente
191-Rebordão
Brito presente
Porque
os queremos connosco vamos no próximo minuto
em silêncio ,dizer-lhes “estais presentes” ..... (um minuto de silêncio)
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casámos,tivemos
filhos,temos netos, lugar
comum...
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cinco décadas de grandes mutações na vida de cada um e na vida da sociedade...
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o enlaçarmo-nos com a força de que, por
virmos de gente humilde, não seriamos por isso “gente menor” ,ao
contrário ,aqui aprendemos a ter orgulho de nos fazermos grandes.
qualquer fosse a estação do ano em matéria das crises que a visitavam.
Nós
sabemos bem as diferentes fases porque cá passámos!
(Lembram-se do mestre Cuco,da “aviação” quase
todos os dias por contraste com os tempos de “la cuisine francaise” do mestre
rabanete ...isto como exemplo para ilustrar a referência)
exageradas...até
eram iguais para todos, desde os que tinham dez anos até aos que tinham dezoito
ou mais ...mas foi assim. Mas essa disciplina, essas regras eram eficazes
porque integravam valores...aprendemos a respeitar valores.Poderiam não ser os
mais correctos, poderiam estar contagiados pela filosofia do Poder
“reinante”(estavam com certeza) mas hoje sabemos que assim como a rebeldia dos jovens que éramos os
recebeu(recebeu esses valores,adquiriu sentido das responsabilidades e graus de
exigência), também mais tarde a maturidade e formação adquirida, soube
interpretá-los no sentido mais justo e equilibrado. Nada é fim em si mesmo.
Os valores e princípios que contam são os que interessam à construção duma
sociedade onde sejamos mais felizes.
A
nossa passagem(na década de 50) até teve a particularidade de conviver com
titulares de notáveis empenhamentos em
reformar o Instituto, em colocá-lo no lugar que ele merecia, no topo duma
hierarquia de prestigio, como instituição de ensino, no Portugal de então.
A
casa que nos educou foi sendo construída por muitos, mas também por nós próprios
alunos. Será possível esquecer a quota-parte que tínhamos na sua gestão?
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-entre
discriminação e eleição; -entre
melhor comida nuns dias e pior noutros;
-entre
humilhações e elogios; entre
boas e más notas
-entre
as saudades,dos pais,e a sua sublimação;
-entre
tristezas e alegrias;
entre justiças e injustiças;
-entre
bons professores e menos bons;
-entre
preferências e preterições; -entre
militares melhores e piores;
-entre
vitórias e derrotas
-entre
...tantas outras contradições e paradoxos : verso e reverso
São
de facto circunstâncias de uma vida caracterizada por contradições entre
alegrias e sofrimentos,entre sucessos e insucessos, que nos fizeram mais Amigos
e que teceram os laços que nos uniram e nos unem.
Às
dificuldades ou à dor do companheiro do lado nunca ficávamos indiferentes.
Aí
começávamos a erguer as fundações duma Amizade duradoura e a criar condições para comungar com ele (companheiro do lado) também
alegrias e sucessos...A Escola ,o Pilão ,foi pelo que já antes se referiu
natural viveiro de Amizade, de espirito de camaradagem e de cumplicidades
sem limites.
E
nessa perspectiva consolidaram laços difíceis de destruir.!!!
Creio
que a maioria tem essa ideia. Assim como tem a ideia de que não raras vezes
quando nos voltamos a ver ,quando nos encontramos furtivamente, exaltando e
gritando as pequenas “histórias” dos bons momentos e das boas
recordações, quase sempre omitimos (como se compreende) os momentos maus,
de dor ou de insucesso.
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Que
é isso se não mais do que erguer a amizade e os laços que nos unem?
Que
é isso se não mais do que transformar “encontros/desencontros” numa dinâmica de
afirmação onde prevalece o positivo, onde prevalecem os princípios adquiridos?
A
partir daqui cada um, à sua maneira, na
construção de pequenos ou grandes feitos ,foi construindo um mundo melhor para
os vindouros.
Vou concluir.
Estamos em 2003,aos dez dias do mês de
Outubro, cinquenta anos depois da nossa entrada no Pilão e noventa e dois anos
depois de ele ter nascido...Estará velha a Escola?! Já não serve?! Quiseram
acabar com ela?! Quem deixou que estas ideias se firmassem?! Como é possível
que num Portugal, com tantos e tão graves problemas no Ensino e na Educação, se
tivessem deixado criar condições para que o Instituto sofresse desgaste e descuido tamanhos?!
O
que terá acontecido nos últimos anos para que a
cabeça do “Pilão” quase fosse colocada na guilhotina ??!!
Temos
a obrigação de pugnar para que o Pilão continue vivo e,mais, até para que ele
volte a ter o lugar que merece numa hierarquia de prestigio, como instituição
de ensino, plena de tradições e de serviço prestado ao Desenvolvimento nacional
nas vertentes técnica, económica, cultural, cívica ou militar.
Julgo que estamos convictos que
temos de perfilhar uma acção coordenada e objectiva. É um desafio para todos os
ex-alunos. É um repto para nós que devemos aproveitar esta comemoração elegendo
este objectivo para novos e
futuros passos.
Com
estes considerandos estou certo interpretar ,como podendo ser de todos nós ou da maioria aqui presente, a
seguinte proposta:
a)- reforçarmos ainda mais o movimento
associativo de ex-alunos para que o Instituto continue bem vivo, para que,
independentemente dos acertados e mais que justos despachos favoráveis à sua
manutenção, a Escola readquira o estatuto que merece, impondo-se por si
mesma, em qualidade e dignidade;
b)- aceitarmos a ideia de que tenhamos
todos os meses uma confraternização consubstanciada num jantar (que para isso
servirá de pretexto)em restaurante e hora a definir.
Obrigado.Obrigado
Pilão continuamos-te grato. QUERER
É PODER.
Disse.
30-Manuel D.Clemente, por
mandato da Comissão Organizadora desta comemoração dos 50 anos de entrada no
Pilão.
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