segunda-feira, 23 de maio de 2022

O 25 A por MDC 2022

 25 de ABRIL por Duran Clemente:

 

Capitão que não comanda/Não pode ficar calado/É o povo que lhe manda ser capitão revoltado/É o povo que lhe diz/Que não ceda nem hesite/pode nascer um país/ do ventre duma chaimite. (saudoso Ary).

 

 

Quero agradecer o convite que me fizeram, pois é com enorme prazer que venho partilhar convosco a alegria de ter vivido o 25 de Abril!  (………)

Abraço todos os presentes eleitos e convidados.

 

Nesta minha intervenção  deveria referir: Farei um resumo)

:

• Enquadramento do 25 de Abril na luta da oposição à ditadura e ao fascismo.

• O 25 de Abril e a Constituição da República Portuguesa de 2 de Abril de 1976.

• Os militares e a paz

 

 

 

I - Enquadramento do 25 de Abril na luta da oposição à ditadura e ao fascismo.

 

O 25 de Abril de 1974 não teria sido possível concretizar-se sem a luta que a Oposição Democrática desencadeou a partir do 28 de Maio de 1926, quer à ditadura militar (1926 a 1933), quer ao Estado Novo, que Salazar encabeçou durante mais de 40 anos.

Muitos democratas, o povo anónimo, intelectuais e militares, participaram na luta e sofreram a implacável perseguição da PIDE, pagando com a liberdade e até mesmo com a vida, a ousadia de afrontarem o regime.

Para fugirem à repressão e perseguições da PIDE, a oposição tinha dois caminhos, ou a clandestinidade ou o exílio.

 

O movimento de contestação à ditadura pela oposição pode ser dividido em 3 fases com características diferentes:

 

1 – Primeira fase – 1926 a 1943.

 

2 . Segunda fase, de 1943 até ao início da década de 60.

 

3 . A terceira fase, começa no início da década de 60.

 

As principais tentativas de derrube da ditadura e do estado novo, nas três fases apontadas e que antecederam o 25 de Abril, infelizmente sem atingirem os seus objectivos principais ainda foram bastantes:

 

 

1. Em 1927, 1928 e 1931, os Republicanos Democráticos organizaram e comandaram as revoltas do Porto, Lisboa, Setúbal, Açores, Madeira e Guiné.

2. Em 1934, a Revolta dos Operários da Marinha Grande organizada pelo PCP.

Ma as mais significativas aconteceram:

-. Em 1935, tentativa de revolta no navio Bartolomeu Dias e no destacamento militar do Quartel da Penha de França, liderada pelos nacionais-sindicalistas Rolão Preto e de Alberto Monsaraz

 

- Em 1938, um grupo de anarco-sindicalistas tentou assassinar Salazar, quando ele se dirigia para a missa. Salazar escapou ileso.

 

 

(Às eleições presidenciais de 1958 e por toda a Oposição Democrática, candidatou-se o Gen Humberto Delgado. Foi eleito o candidato do sistema, o Alm Américo Tomás em função da maior fraude eleitoral de sempre ocorrida em Portugal. O Gen. Humberto Delgado exilou-se, manteve uma grande actividade política, mas viria a ser assassinado pela PIDE, anos depois, em Espanha.)

(Após estas eleições, o Governo, para evitar futuros sustos, mudou a lei eleitoral. Em vez de eleger o Presidente da República por sufrágio directo, criou um colégio eleitoral composto por partidários da União Nacional, o partido que sustentava o regime)

 

 

-. Em 11 de Março de 1959 dá-se a Revolta da Sé, liderada por Manuel Serra e pelo major Calafate, em torno do Movimento Militar Independente, e com a participação do capitão Vasco Gonçalves, do capitão Carlos Vilhena, do major Pastor Fernandes e do capitão Almeida Santos. Os conjurados foram julgados, presos e repartidos por Caxias, Aljube, Trafaria e Elvas. O capitão Almeida Santos evadiu-se de Elvas, tendo sido mais tarde assassinado pela PIDE, o que inspirou Cardoso Pires no seu romance “A Balada da Praia dos Cães”.

 

-. Em 22 de Janeiro de 1961, o Assalto ao paquete Santa Maria, com o nome de código “Operação Dulcineia”, levado a cabo pelo Directório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL) e comandada pelo capitão Henrique Galvão, amigo e aliado de Humberto Delgado. Foi um comício contra Salazar à escala planetária.

 

-. Em 31 de Dezembro de 1961, dá-se uma revolta militar e civil no quartel de Beja comandada pelo capitão Varela Gomes e por Manuel Serra como líder civil.

 

-. Em 1962 a tentativa de golpe do Gen. Botelho Moniz - um grupo de oficiais onde se incluía Costa Gomes, então Subsecretário de Estado do Exército, dirigido pelo General Botelho Moniz (Ministro de Defesa), lançou um tentativa de golpe de Estado, destinado a afastar Salazar. Fracassou por denúncia do Gen. Kaúlza de Arriaga e do Alm. Américo Tomás.

 

Foi a ultima antes de Abril 74

 

. Em Fevereiro de 1962 Salazar proibiu uma vez mais as comemoração do Dia do Estudante. Em 24 de Março, uma concentração de estudantes na Cidade Universitária de Lisboa foi violentamente reprimida pela polícia de choque. Os estudantes avançaram com inúmeras acções de protesto, nomeadamente contra a violência da polícia, tendo as Academias de Lisboa e Coimbra decretado conjuntamente o luto académico.

 

Assim rebenta a Crise Académica de 1962. Esta crise assinalou o despertar para a actividade política de uma geração que, nos anos seguintes, mostraria ser um dos sectores mais vivos da resistência ao Estado Novo.

 

Com o início da guerra colonial, em 1961, aumentou a contestação ao regime. A oposição engrossou a suas fileiras, o descontentamento do povo que chorava os seus mortos, os seus mutilados e traumatizados pela guerra colonial, as tramóias engendradas pelo sistema, o isolamento internacional, o atraso económico, social e político relativo aos demais países da Europa e do mundo.

Todavia, o Estado Novo contava com apoios em vários sectores da sociedade, das Forças Armadas, da alta burguesia, do clero e de uma massa anónima de analfabetos, que por pressão dos caciques locais apoiava o regime salazarista.

 

Realcemos mais alguns eventos relevantes:

 

.

.. Em 1967 foi criado o Movimento Associativo da Armada que integrava vários grupos de trabalho, cujo objectivo era consciencializar os militares da Marinha de Guerra para a luta pela democracia.

 

.. Em 3 de Agosto de 1968, Salazar cai da cadeira no forte de Santo António do Estoril, sofridos e os traumatismos sofridos impossibilitam-no de continuar no governo, onde é substituído por Marcelo Caetano. Salazar morreu em 27 de Julho de 1970, convencido que ainda governava Portugal.

 

- Em Abril de 1969, durante a cerimónia de inauguração do edifício das Matemáticas da Universidade de Coimbra, presidida pelo PR Alm. Américo Tomás, não foi permitida a intervenção do presidente da Associação Académica, Alberto Martins, que viria a ser detido mais tarde. Assim rebenta a Crise Académica de 1969. Seguiram-se inúmeros episódios de protesto, luta, unidade e solidariedade académica por parte dos estudantes,

.

-. Em Maio de 1969 ocorre o 2º Congresso Republicano em Aveiro, organizado por Mário Sacramento que faleceu dias antes, a 27 de Março, e presidido pelo Cor. Hélder Ribeiro.

 

-. Em Outubro de 1970 é criada e ocorre a primeira acção da ARA - Acção Revolucionária Armada, a sabotagem do paquete Cunene.

 

 

A partir da década de 70 e com a percepção de que a guerra colonial estava longe de acabar e muito menos de ser ganha, passou a haver um grande descontentamento nas Forças Armadas. A crescente politização dos militares e a recusa do governo em aceitar uma solução política para a guerra colonial, levou a que os oficiais percebessem que o fim da guerra passava pelo derrube da ditadura.

 

Assim:

 

-. De 4 a 8 de Abril de 1973 é organizado em Aveiro o 3º Congresso da Oposição Democrática, congresso amplamente participado e fortemente reprimido, onde estiveram presentes militares do MFA tais como Maj. Melo Antunes, cap.Duran Clemente, Comandantes Martins Guerreiro,Contreiras e Simões Teles entre  outros cerca de 20 militares presentes clandestinamente. .

Neste congresso da oposição, surge pela primeira vez a referencia ao programa dos 3D´s (Democratizar, Desenvolver e Descolonizar) que é claramente assumido por toda a Oposição Democrática, o que influenciaria, mais tarde, a elaboração do programa do MFA.

 

. Em 28 de Outubro decorrem as eleições legislativas portuguesas de 1973. A Acção Nacional Popular elegeu a totalidade dos deputados, tendo o Movimento Democrático desistido por considerar que não existiam condições para a realização de eleições livres.

 

Vejamos os antecedentes próximos do 25 de Abril..
 

 a). De 1 a 3 de Junho de 1973 – ocorre o Congresso dos Combatentes do Porto, que mais não foi que uma encenação fascista de apoio à guerra colonial, o que originou a primeira manifestação de repúdio dos oficiais de carreira que prestavam serviço na Guiné e na metrópole.

 

b). Em 13 de Julho de 1973 é publicado o Decreto-Lei 353/73, que integrava nos QP’s com o posto de capitão os oficiais milicianos que a tal se candidatassem.

 

c). Em Agosto de 1973, em reunião na Guiné, meia centena de oficiais contestam o Decreto-lei e aprovam um documento de objecção colectiva que assinam e enviam às mais altas patentes governamentais e militares. Este é o primeiro afrontamento dos militares ao poder.É eleita a primeira Comissão de Capitães.

 

d). Em 9 de Setembro de 1973 – a reunião de Alcáçovas/Évora – 136 oficiais do Exército contestam o Decreto-Lei 353/73 e solidarizam-se com os 51 oficiais da Guiné.

Seguem-se reuniões e idênticas tomadas de posição pelos oficiais em serviço em Angola e Moçambique.

 

Estava criado assim o Movimento dos Capitães.

Evidenciar a democratização nas Acad. Militar e Escola Naval (referir Maria Carrilho socióloga recentemente falecida) e as 3 principais razões :anos 60, APSIC e Capitães porquê?-

 

.-As reuniões conspirativas seguem-se a um ritmo diabólico e no final de 1973  passa a ser consenso entre os militares, de que a única saída seria o derrube do sistema através de um golpe militar.

 

Assim aparece o Movimento das Forças Armadas – MFA.

 

Este movimento tem especial desenvolvimento ainda no 3º trimestre/73 na Guiné Bissau já com os 3 ramos (Exército,Marinha e FAérea) juntos até abril de 74.

 

-No continente e a 17 de Fevereiro de 1974, dá-se o primeiro encontro entre o Exército e a Marinha (Maj. Melo Antunes e Com.dtes Martins Guerreiro e Almada Contreiras) onde se criou um grupo de trabalho para definir a estrutura e elaborar o Programa do MFA. Um primeiro esboço viria a ser apresentado no início de Março.

-. Em 22 de Fevereiro, o ex-governador da Guiné-Bissau, Gen. António de Spinola, publica o livro “Portugal e o Futuro” onde advoga uma solução política e não militar como sendo a única saída para a guerra colonial.

Como resposta, o governo marcelista, promove a organização de uma cerimónia de apoio das altas patentes militares ao regime e que ficou conhecida pelo Beija-mão da Brigada do Reumático. Os Gen. Costa Gomes e Spinola e o Alm. Tierne Bagulho não compareceram à cerimónia.

 

-. Em 5 de Março na reunião de Cascais é aprovado o documento elaborado por Melo Antunes em cooperação com oficiais de Marinha e alterações introduzidas por Costa Brás, designado por “O Movimento, as Forças Armadas e a Nação”, que viria a originar represálias sobre os oficiais. Vasco Lourenço, Carlos Clemente transferidos para os Açores, Antero Ribeiro da Silva para a Madeira e David Martelo para Bragança.

 

-. A 14 de Março o Governo demite os Generais Francisco da Costa Gomes e António de Spínola, respectivamente dos cargos de Chefe e Vice-Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, alegando falta de comparência na cerimónia de solidariedade com o regime, levada a cabo pelos três ramos das Forças Armadas. A demissão dos dois generais virá a ser determinante na aceleração das operações militares contra o regime.

 

-. Em 16 de Março, o Regimento de Infantaria nº 5 das Caldas da Rainha, avançou para Lisboa, sob o comando do capitão Piedade Faria .

Isolado, o seu avanço foi sustido por unidades leais ao regime já às portas de Lisboa. Cerca de 200 homens, entre oficiais, sargentos e praças, foram detidos. Os oficiais foram encarcerados na Trafaria e libertados no dia 25 de Abril.

 

 

*** Na madrugada de 25 de Abril de 1974, através da rádio foram emitidas as senhas que desencadearam as operações."Depois do Adeus" 22h50, e "Grândola Vila Morena,24h20.

 

Os militares saíram de vários pontos do país em direcção a Lisboa e a pontos estratégicos no País. Uma coluna militar de tanques, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, saiu da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e, em Lisboa, ocupou o Terreiro do Paço, donde partiu para o quartel do Carmo, onde se tinha refugiado Marcelo Caetano, que acabou por se render. Antes foram ocupadas a RTP, EN , RCP e RARET e o Aeroporto de Lisboa.  No dia seguinte soltos os presos políticos de Caxias e Peniche...

 

Foi um revolução "não-sangrenta" e "pacífica", tendo, todavia morrido 4 manifestantes civis, cobardemente assassinados pela antiga polícia política, a PIDE/DGS que ainda resistia na sua sede da rua António Maria Cardoso.

 

A Revolução de Abril não foi só uma madrugada, não foi só um dia, não foi só um momento, foi um processo revolucionário que conduziu à instauração de um regime democrático, onde às amplas liberdades políticas se associaram outras conquistas indispensáveis ao desenvolvimento do país e à consolidação da liberdade e da democracia.

 

Abril trouxe o fim da guerra colonial, o direito do povo português decidir o seu destino, a afirmação do Poder Local Democrático, os direitos sociais e laborais, a justiça social, a paz e a independência nacional.

Deu-nos a Constituição da República Portuguesa, uma das mais avançadas do mundo, que ainda nos dias de hoje nos protege das arremetidas que o governo neoliberal sistematicamente intenta contra os indefesos cidadãos deste país.

 

II - O 25 de Abril e a Constituição da República Portuguesa de 2 de Abril de 1976.

 

Não é possível falar do 25 de Abril sem falarmos da Constituição da República Portuguesa. São duas realidades indissociáveis!

Um camarada, infelizmente já desaparecido, disse um dia: “se queres saber o que foi a Revolução de Abril, então lê a Constituição da República Portuguesa de Abril de 1976”.

Apesar das sucessivas revisões feitas pelas forças da alternância governativa, já lá vão 7, efectuadas em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004 e 2005, e que vieram permitir rudes golpes na Soberania Nacional. Apesar destas revisões, a CRP continua a ser uma das mais democráticas e avançadas da Europa e do Mundo e o garante da defesa do país e do cidadão!

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A título de exemplo referiremos alguns dos direitos dos cidadãos:

Artigo 21.º - Direito de resistência

Artigo 24.º - Direito à vida

Artigo 34.º - Inviolabilidade do domicílio e da correspondência

Artigo 53.º - Segurança no emprego

Artigo 58.º - Direito ao trabalho

Artigo 59.º - Direitos dos trabalhadores

a. Todos os trabalhadores têm direito:

1. À retribuição do trabalho de forma a garantir uma existência condigna;

2. Ao repouso e aos lazeres, a um limite máximo da jornada de trabalho, ao descanso semanal e a férias periódicas pagas;

3. À assistência material, quando involuntariamente se encontrem em situação de desemprego;

Artigo 64.º - Saúde

1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.

a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;

Muito mais haveria a dizer. Esta é a nossa Constituição e que está sob a ameaça de uma nova revisão.

As forças mais retrógradas deste país, mediante campanha que têm vindo a orquestrar com a ajuda da tróica estrangeira que é quem efectivamente governa o país, preparam-se para a alterar e torná-la perfeitamente inócua.

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III – Os Militares e a Paz

Os militares estiveram sempre presentes em todas as tentativas de derrube do fascismo. Destas tentativas, o 25 de Abril de 1974 triunfou.

O 25 de Abril, obra dos militares e do povo, é um monumento à justiça social, a paz e a independência nacional.

O 25 de Abril pôs fim à guerra colonial, que durante 13 anos ceifou, sem dó nem piedade, a juventude portuguesa e a juventude dos povos colonizados, numa guerra fratricida que deixou marcas de grande dor e sofrimento em toda a população, dum e do outro lado do conflito.

O Programa do MFA anunciado ao Povo Português, o programa dos 3D’s, realçava bem quanto a paz era importante para os militares. O descolonizar era uma das três tarefas base.

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A Constituição da república Portuguesa, fruto e um dos principais legados do 25 de Abril, consagra no seu artigo nº 7 – Relações Internacionais:

1. Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos ssuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.

2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento

geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz

de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.

3. Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão.

4. Portugal mantém laços privilegiados de amizade e cooperação com os países de língua portuguesa.

5. Portugal empenha-se no reforço da identidade europeia e no fortalecimento da acção dos Estados europeus a favor da democracia, da paz, do progresso económico e da justiça nas

relações entre os povos.

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Graças ao 25 de Abril, Portugal é obrigado pela sua Constituição a empenhar-se na causa da PAZ!

 

CONCLUSÃO:

O MFA elaborou um programa, que cumpriu. Derrubou-se o fascismo, fizeram-se eleições e o poder foi entregue à sociedade civil, fez-se a descolonização, e foi posto em marcha o motor do desenvolvimento.

 

Os portugueses tomaram em suas mãos os seus destinos o FUTURO mau grado tentativas dos inimigos para inverter a marcha progressista que Abril numa união POVO-MFA  conseguiu sustentar até hoje.

 

Na nossa lei fundamental, que reconheceu e consagrou, no plano jurídico, as grandes transformações revolucionárias do 25 de Abril, realização histórica do povo português, acto de emancipação social e nacional, podermo-nos honrar, todos como gente honrada MFA-POVO, ter vivido e ajudado em comunhão de esforços a um dos mais importantes acontecimentos da história de Portugal
.

 

Grandola vila Morena/ terra da fraternidade/ O povo é quem mais ordena.Dentor de ti ò cidade.

 

Viva o 25 de ABRIL!

 

Viva Portugal! Manuel Duran Clemente
(25 de Abril 2022)

 

 


A VIGILIA DA CAPELA DO RATO

 

A VIGILIA DA CAPELA DO RATO na noite de fim do ano de 1972.

 

A actual juventude e mesmo muitos cidadãos, até aos 60 anos, não sabe o q foram os últimos 30 anos do Estado Novo.

Mas muitos de nós ,ainda vivos, sabemos...Outros esquecem.

Não sabem das injustiças, obscurantismo e do "Portugal Amordaçado" antes de 1974.

*Dos milhares de pobres emigrados para França, Suíça ,Brasil, Africa e EUA...etc.

*Dum pais mercantil,de riquezas próprias ou exploradas das colónias, e nada produtor nem industrializado,desde sempre.

*De um país aliado ao Reino Unido que nos colonizou cinco séculos.

*De um país que no pós-guerra em 1946 não foi aceite na ONU e que só depois de alcunhar as colónias de Províncias Ultramarinas (1949) foi aceite em 1955.

*Duma guerra colonial fratricida de 13 anos.

*Dos heroicos antifascistas que lutaram e muitos morreram pela Liberdade e foram exemplo e estímulo para a Alvorada de Abril.

Sobre o nosso golpe de estado/74 e o PREC...a deturpação de quem perdeu privilégios ou até pode ter sido vitima de excessos...nada se compara aos excessos anteriores de quem prendia e matava a liberdade, abafava o desenvolvimento --nacional e colonial -- (para todos ou por todos), censurava a opinião, não permitia que o povo português participasse no seu destino.Deixava que este Portugal fosse dominado por oito famílias ricas que sustentaram  Salazar e o dito Estado Novo.

 

O 25 de Abril de 1974 não teria sido possível concretizar-se sem a luta que a Oposição Democrática desencadeou a partir do 28 de Maio de 1926, quer à ditadura militar (1926 a 1933), quer ao Estado Novo, que Salazar encabeçou durante mais de 40 anos.

 

Muitos democratas, o povo anónimo, intelectuais e militares, participaram na luta e sofreram a implacável perseguição da PIDE, pagando com a liberdade e até mesmo com a vida, a ousadia de afrontarem o regime.

 

Para fugirem à repressão e perseguições da PIDE, a oposição tinha dois caminhos, ou a clandestinidade ou o exílio.

 

O movimento de contestação à ditadura pela oposição pode ser dividido em 3 fases com características diferentes:

 

1 – Primeira fase – 1926 a 1943.

 

2 . Segunda fase, de 1943 até ao início da década de 60.

 

3 . A terceira fase, começa no início da década de 60.

 

As principais tentativas de derrube da ditadura e do estado novo, nas três fases apontadas e que antecederam o 25 de Abril, infelizmente sem atingirem os seus objectivos principais ainda foram bastantes.. Estão largamente descritos. Mas também proscritos na memória de muitos.

 

Outras iniciativas relevantes ficaram na história como as manifestações antifascistas de universitários em 1962 e 1969. E Jornais regionais empolgantes como o “Jornal do Fundão”, ”Comércio do Funchal” e “Noticias da Amadora”. E dessas destacamos a “VIGILIA DA CAPELA DO RATO” na noite de fim do ano de 1972.

 

Um apontamento resumido sobre esse evento. Dos promotores da iniciativa destacam-se Nuno Teotónio Pereira, Pereira de Moura, Conceição e Luís Moita,Jorge Wemans,Isabel Pimentel. Já em 1969 tinha havido uma primeira vigila na Igreja de S.Domingos também como então e a propósito do dia Mundial da Paz (1º de Janeiro). Esta vigília de 1972/73 envolveu muito mais gente com a passagem pela capela do Rato de centenas de pessoas em dois dias. A publicação clandestina do “BOLETIM ANTI-COLONIAL” após o apoio do Vaticano aos Movimentos de Libertação africanos o protesto fez-se também desta forma depois da decisão na missa (19h30)de 30 de Dezembro de se ficar numa vigília de repulsa pelo “estado ao que chegámos”. A PIDE invadiu a capela a 31 de Dezembro e prendeu 30 pessoas. Alguns foram parar a Caxias. Já depois do Padre Alberto Neto, responsável da capela e figura central, não se ter oposto à vigília, apesar de estar com uma pneumonia e a missa ter sido celebrada pelo seu substituto Padre Seabra Dinis.

 

Eu e minha mulher e os pais desta frequentávamos as missas do Padre Alberto desde há mais de seis anos. Morávamos perto. Eram missas diferentes. Duma apologia progressista e encantadora. Fui interveniente neste acontecimento. Era amigo de Teotónio Pereira e de Isabel do Carmo. Por razões da minha, já iniciada caminhada antifascista, desde os anos 60 e da amizade do Padre Alberto que baptizara os meus dois filhos, já em 1967 e 1969 na Igreja do Beco/Ferreira do Zêzere. A  pedido do Padre Alberto os meus sogros apoiaram, nos estudos universitários, jovens com dificuldades. Futuros gratos licenciados. Também esta atitude louvável fazia, e ainda faz parte, das contradições da religião e dos seus apóstolos.

 

O ano de 1973 com o Congresso da Oposição Democrática, três meses depois-Abril/Aveiro-foi um ano decisivo. Também lá estive . Os capitães, de que me honro fazer parte, iniciaram (em Bissau e em Alcáçovas) os actos de insubordinação real ,desenvolvendo a conspiração e a revolta rumo ao 25 de Abril de 1974.

 

Capitães de Abril. Não foram estes actos que nos motivaram .Podemos afirmar --contra a corrente dos detractores—que por, alguns de nós, sabermos mais e termos aprendido com a vida e as circunstâncias que estivemos nestes actos e lhes demos a continuidade e  maturidade libertadora na feliz madrugada de ABRIL

 

Manuel Duran Clemente  (Lisboa 23/05/2022)

 

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Poema SÓ ....Se fores só não deixes.

 Só...!!!

Ás vezes ou sempre julgamos estar sós e de luto pela estupidez humana. MDC.
*****************************
Se fores só não deixes.
Já nasceste só.
Mas o caminho parece só
e nem sempre o é.
De repente há luz.
Com a luz do pó
duma vida eterna.
Da companhia efémera
de raiz materna
Que te acompanhou,
Como do moinho a mó,
do milagre do esperma
que te fabricou...
Te deu a mão,
Para outros sós.
De todos nós :
O pão.
Junto a nós. Fecundo.
MDC (Lisboa 07.04.2022)
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