PILÕES DE
1953
COMEMORARAM 50 ANOS DE
ENTRADA (em 2003).
Conforme tinham anunciado
os Pilões entrados em 1953,no passado dia 10 de
Outubro,de 2003,
comemoraram os 50 anos, com uma
cerimónia nos claustros da 1ªSeccão e um jantar na
APE.
Com a
presença do representante do Director do Instituto,Sr.Coronel Luis
Aguiar e do Presidente da APE,Sr.Coronel Borges
Correia, encontraram-se os seguintes
ex-alunos:
6-Pamplona,30-Clemente,37-António
Tavares,
57-Simão,87-Grilo;123-Carvalho,133-Lopes,154-Subtil,168-Germano Lopes,171-Cotovio,
198-Marques,207-Matias,208-M.Barbosa
Pereira,231-Isaque,243-Sousa,260-Marreiros,
284-Sepúlveda,286-Rodrigues,301-Pinheiro,345-Gomes,394-Candido Tavares,396-Santos e
397-Faustino.
PLACA
COMEMORATIVA DESCERRADA NOS CLAUSTROS
Compareceram também dez dos actuais alunos que têm o mesmo numero dos aniversariantes.Foi descerrada uma placa nos claustros evocando a efeméride e prestada homenagem os cinco condiscípulos já falecidos: 32-Moita,69-Frazão,106-Pimentel,191-Brito e 324-Fonseca.
Em simultâneo com a visita ao Museu do Instituto foi servido um “Porto
de Honra” o que proporcionou um agradável convívio entre actuais e antigos
alunos.
.
JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO NA
SEDE DA APE
Seguiu-se um jantar de
confraternização na Associação.Solicitadas ,em devido tempo,pela ComissãoOrganizadora
foram as instalações da sede da APE cedidas para um jantar que ali decorreu servido, com o brio e a competência
habituais, pela Messe de Monsanto /F. A ..Como convidado ,o Presidente da APE,
manifestou todo seu contentamento e agradeceu o facto de , pela primeira vez
,ali se celebrar um jantar desta natureza comemorativa. Disponibilizou as instalações como “a
casa de todos os ex-alunos “ para
disporem delas sempre que quiserem.
Sabendo do propósito de os presentes realizarem um jantar todos os meses, no
velho “Ferro de Engomar”, deixou a sugestão de que por ali aparecessem antes ou
depois.
EVOCAÇÃO FEITA POR REPRESENTANTE DOS EX ALUNOS
Na cerimónia de
descerramento da
placa evocativa dos 50 anos de entrada no Instituo, ainda nos
claustros,em representação dos ex-alunos tomou a
palavra o ex-Pilão nº30 de 53-D.Clemente com uma
intervenção muito sentida e oportuna.Não sendo possivel a transcrição do seu todo ,acha-se oportuno
salientar alguns trechos da mesma.
“Nestes cinquenta anos
que comemoramos não é por acaso que é aqui (nos claustros )que nos encontramos
.
Nem
é por acaso
que é numa das suas
paredes que ficará pelo “tempo eterno
possível”, na placa que acabámos de descerrar,o
registo da nossa passagem,com as
palavras:
recordamos com saudade o
tempo que passou, a casa que nos educou, os amigos que ficaram, os que já
partiram e os laços que nos uniram...
“
“Aos que já partiram, porque os
queremos connosco, vamos no próximo minuto, em silêncio, dizer-lhes
“estais presentes”
“Do
tempo que passou....Cinco décadas de grandes mutações na vida de cada um e
na vida da sociedade...”
“Vimos
mudar de Século e de Milénio.”
“Passámos
aos anos 2000: uns com muita esperança, outros com menos, se
calhar alguns com pouca...mas todos com a certeza de que as crises, as
grandes crises despertam as consciências. Obrigam-nos a desejar um mundo melhor:
mais fraterno, com menos assimetrias...e com uma liberdade mais
autêntica.”
“Foi
este o tempo que passou
(50 anos muito peculiares) e com ele
nós.
“Mas
connosco também a formação especial que esta casa nos
dotou.”
“Da
casa que nos educou.”
“Uma
Escola criada com a República. Uma Escola para os que mais dificilmente teriam
tido formação secundária e média se o “Pilão” não existisse. Por isso e
não só uma Escola especial ;dela o que se recebe se
recebe com uma gratidão singular.”
“
Na maioria éramos filhos de gente humilde e terá sido uma das primeiras lições
aprendidas nesta casa
:
-
o enlaçarmo-nos com a força de que, por
virmos de gente humilde, não seriamos por isso “gente menor” ,ao
contrário ,aqui aprendemos a ter orgulho de nos fazermos
grandes.”
“Maiores em
vontade de vencer, em vontade de resistir às adversidade e às dificuldades, numa
dinâmica de receber tudo o que a Escola teve para nos dar
qualquer
fosse a estação do ano em matéria das crises que a
visitavam.”
“A
Escola sempre teve crises, ciclicamente. Não é coisa só de agora. Delas soube
renascer.”
“Nós
sabemos bem as diferentes fases porque cá
passámos!”
“(Lembram-se do
mestre Cuco ,da “aviação” quase todos os dias em contraste com os tempos de
“la cuisine francaise” do mestre rabanete ...isto como exemplo, para
ilustrar a referência)”
“Aqui
aprendemos a “ter orgulho na vontade de vencer”. Vencer com dignidade sob a
égide de QUERER É PODER.”
“Tínhamos
disciplina, pois tínhamos...Tínhamos regras... Mas essa disciplina, essas regras
eram eficazes porque integravam valores...aprendemos a respeitar valores.
Poderiam não ser os mais correctos, poderiam estar contagiados pela
filosofia do Poder “reinante”(estavam com certeza) mas hoje sabemos que assim
como a rebeldia dos jovens que éramos os
recebeu(recebeu esses valores,adquiriu sentido das responsabilidades e graus de
exigência), também mais tarde a maturidade e formação adquirida, soube interpretá-los no sentido mais justo e
equilibrado.
Nada é fim em si mesmo. Os
valores e princípios que contam são os que interessam à construção duma
sociedade onde sejamos mais felizes.”
“Pois
se hoje se diz que há uma crise de valores. Abençoada Escola que ainda hoje e
aqui nos faz recordá-los.”
“Da
casa que nos educou poderíamos dizer tanta coisa ...mas
já todos o sabemos. Foi um universo construído por muitos...” “ Todos arquitectos
de um Pilão melhor; que sempre quiseram o melhor ...
o melhor possível.”
“A
nossa passagem(na década de 50) até teve a
particularidade de conviver com titulares de notáveis empenhamentos em reformar o Instituto, em colocá-lo no
lugar que ele merecia, no topo duma hierarquia de prestigio, como instituição de
ensino, no Portugal de então.”
“Mas
deixem-me que vos sublinhe uma particularidade...muitas vezes
esquecida.”
“A
casa que nos educou foi sendo construída por muitos, mas também por nós
próprios alunos. Será possível esquecer a quota-parte que tínhamos
na sua gestão?
“Lembram-se
da característica particular da auto-gestão que nos estava confiada e da
experiência e responsabilidade que isso nos deu, ainda tão “novinhos” ??!! Nós éramos um corpo de alunos com uma significativa
percentagem de facetas da nossa vida diária governada por nós próprios: a
partir do meio do curso integrávamos (como graduados) o governo da maior parte
das nossas actividades e mesmo que de cima ,da cúpula
directora ou equivalente, as directrizes alternassem o autoritarismo com a complacência, isso sempre estimulou a nossa criatividade
ora rebelde ora submissa. Rebeldes ou submissos continuávamos sendo “malta
brava” Limites,
entre os quais, (rebeldia ou submissão) a nossa formação acabava por se fazer
.Mas se entre esses limites
fomos cooperantes na construção da nossa Escola, entre outros limites, nela, nos
fomos construindo como pessoas:
-entre discriminação e eleição;
-entre humilhações e elogios;
-entre boas e más
notas
-entre as saudades,dos pais,e a sua
sublimação;
-entre tristezas e alegrias;
-entre preferências e preterições;
-entre vitórias e
derrotas
-entre tantas outras contradições e
paradoxos :verso e
reverso
nos
fizemos homens;a Escola
, o Pilão” nos tornou adultos e
diferentes.
“Dos
amigos que ficaram que o mesmo será dizer dos amigos que fizemos ou dos
amigos que somos e dos laços que nos uniram...”
“São
de facto circunstâncias de uma vida caracterizada por contradições entre
alegrias e sofrimentos, entre sucessos e insucessos, que nos fizeram mais Amigos
e que teceram os laços que nos uniram e nos
unem.”
Às
dificuldades ou à dor do companheiro do lado nunca ficávamos
indiferentes.
Aí
começávamos a erguer as fundações duma Amizade duradoura e a criar
condições para comungar com ele
(companheiro do lado) também alegrias e sucessos...A Escola ,o Pilão ,foi pelo
que já antes se referiu natural viveiro de Amizade, de espirito de
camaradagem e de cumplicidades sem
limites.
Não sei se todos defendemos a tese de que
efectivamente
foram as dificuldades(estas e a superação dos obstáculos),vividas num meio-ambiente muito particular que nos tornaram mais amigos
e solidários e também mais fortes?!
E
nessa perspectiva consolidaram laços difíceis de destruir.!!!
Repetindo-me
,direi
que das coisas boas fantasiamos e das que nos fizeram sofrer calamos. Assim acontece sobre o que
nos separou e assim acontece sobre o que nos dividiu... fruto do sistema,
consequência de circunstâncias menos pedagógicas e menos positivas .Também existiam.
Que
é isso se não mais do que erguer a amizade e os laços que nos
unem?
Que
é isso se não mais do que transformar “encontros/desencontros” numa dinâmica de
afirmação onde prevalece o positivo,onde prevalecem os princípios adquiridos
?
A
partir daqui cada um, à sua maneira, na construção dos pequenos ou grandes
feitos, foi construindo um mundo melhor para os vindouros.
PARA
QUE O PILÃO CONTINUE BEM VIVO
Estamos
em 2003,aos dez dias do mês de Outubro, cinquenta anos depois da nossa entrada
no Pilão e noventa e dois anos depois de ele ter nascido...Estará velha a
Escola?! Já não serve?! Quiseram acabar com ela?! Quem deixou que estas ideias se firmassem?! Como é possível que num Portugal,
com tantos e tão graves problemas no Ensino e na Educação, se tivessem deixado
criar condições para que o Instituto sofresse desgaste e descuido
tamanhos?!
O
que terá acontecido nos últimos anos para que a cabeça do “Pilão” quase fosse colocada
na guilhotina ??!!
Temos a
obrigação de pugnar para que o Pilão continue vivo e,mais, até para que ele volte a ter o lugar que
merece numa hierarquia de prestigio, como instituição de ensino, plena de
tradições e de serviço prestado ao Desenvolvimento nacional seja na vertente
técnica, económica, cultural, cívica ou militar.
Julgo
que estamos convictos que temos de perfilhar uma acção coordenada e objectiva. É
um desafio para todos os ex-alunos. É um repto para nós que devemos aproveitar
esta comemoração
elegendo este
objectivo para novos e futuros
passos.
Com
estes considerandos estou certo interpretar ,como
podendo ser de todos nós ou da maioria
aqui presente, a seguinte proposta:
-
reforçarmos
ainda mais o movimento associativo de ex-alunos para que o Instituto continue
bem vivo,para que independentemente dos acertados e
mais que justos despachos favoráveis à sua manutenção, a Escola readquira o
estatuto que merece, impondo-se por si mesma, em qualidade e
dignidade;
-
Obrigado. Obrigado
Pilão, continuamos- te gratos:
"QUERER
É PODER. “ Ass: M.Duran Clemente. 19530030
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