quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

25 de ABRIL/Sonho, Luta, Revolução e Esperança

 

25 de ABRIL/Sonho, Luta, Revolução e Esperança

Voltámos a estar em guerra.

 

Abril vencerá porque Abril é o futuro.

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Houve 25 de Abril porque havendo ditadura, colonização, opressão, obscurantismo, repressão, demagogia, isolamento…um pesado policiamento das consciências. queríamos ser Livres, estar…em PAZ, contribuir, com plena cidadania, para a construção do nosso futuro…

 

Mas

 

Colonizados e colonizadores, interna e externamente, também houve 25 de Abril porque quisemos acabar com o infortúnio e cegueira duma guerra colonial. 

 

Todos os que não se sentiam bem…com este estado de coisas… fizeram o 25 de ABRIL.

 

Fomos um só povo: europeus e africanos. Os do Norte e os do Sul, do Litoral e do Interior:

                       A sentir em português o acto: REVOLTA...

                       A falar em português a palavra: LIBERDADE...

 

A guerra que travámos tinha várias espécies de “teatro de operações”:

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O teatro de operações não era só em África, na guerra colonial…era em toda a parte

                           onde se lutava,

                           onde se trabalhava

                           onde se sofria,

                           onde se aprendia,

                           onde se conspirava

                           onde se crescia…

                           onde se queria um 25 de Abril.

 

A guerra em que nos meteram “Portugal uno e indivisível “ isolou-nos ainda mais …Mas como há sempre verso e reverso, a dialéctica encarregou-se de nos colocar contemporâneos com o rumo de mudança e de concretizar o fim  da

ditadura opressiva de  quarenta e oito anos e  do colonialismo atávico de quinhentos anos.

 

 ”Libertámo-nos” duma prisão, dum isolamento e dum obscurantismo e quisemos, com os novos ventos da História, enfunar as velas de velhos navegantes rumo a outra Amizade e Cooperação entre os povos.

 

E…só assim foi possível o 25 de ABRIL

 

Portugal redimiu-se numa noite e fez surpreendentemente, dum conjunto de jovens militares, emergirem capitães, timoneiros do povo armado…mas também, sob a égide dum povo unido, erguer uma das mais belas alvoradas.

 

Nós capitães, anos após anos, constatámos que afinal o nosso inimigo não estava na mata tropical mas no Terreiro do Paço…Altas patentes militares e Governantes mentiam-nos sem pudor.

E foi, paradoxalmente, com os conhecimentos adquiridos nessa guerra, que soubemos preparar com profissionalismo e competência a tomada do poder.

 

 

Uma Alvorada libertadora, só por si, não faz uma Revolução…mas há Alvoradas que as fazem.  

 

Nesse dia, há 39 anos, o 25 de Abril sendo um Golpe Militar, organizado, trabalhoso e difícil, teve na estrondosa adesão popular a plataforma para um estado superior  : foi REVOLUÇÃO.

 

Ao povo, aos cidadãos… foi restituído o que era deles e por isso eles acorreram: a tomar nas suas mãos o que lhe era pertença:

-nas instituições;

-nas fábricas;

-nos bairros;

-nas escolas;

-na terra…no campo…na serra.

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Hoje, passados trinta e nove anos, o Portugal Democrático não devia já ter nada a ver com o Portugal da ditadura. Não queremos branquear o fascismo mas nos últimos anos infelizmente o 25 de Abril está a ficar distante.

 

Não confundamos os males de então com os dias extremamente difíceis de  “hoje”,  que já o eram “ontem” e têm vindo a sê-lo nesta caminhada.

Quiçá, terão mesmo alicerces numa data venerada pelos inimigos da Revolução, dum certo Novembro da nossa Primavera.

 

Os desencantos de hoje e respectivas frustrações nada têm a ver com o 25 de Abril.

 

Os desencantos de hoje e respectivas frustrações são fruto duma coligação de interesses e conjugação de factores internos e externos.

 

Às raízes antigas, outras se lhes vieram juntar.

 

Globalmente são resultado da essência e natureza dum sistema predador:

 

-Responsável pela miséria, pela fome e pela doença de milhões de seres humanos.

-Responsável pela depauperação de países e pela pilhagem de continentes.

 

Chama-se: “capitalismo”, com diversas alcunhas:

   -neo-liberalismo,

   -ultra-liberalismo global…

   -e até já, e só, simplesmente da curta palavra “mercado ”.

 

Em 25 de Abril quisemos que as pessoas, os portugueses participassem no futuro.

Quem deixou, quem permitiu (como e quando) que agora, nos dias de hoje, seja o MERCADO  e os seus tiranetes que mandem em nós ???

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Há anos que vimos afirmando que o sistema gera desumanas situações sócio-económicas, com uma aparente e ilusória contrapartida de progresso económico,

 

onde os ricos tem ficado cada vez mais ricos

e os pobres, cada vez, mais pobres.

 

Há muito que a economia social foi estrangulada e a vertente financeira (especulação) se sobrepõe à vertente produtiva (economia real).

 

A Banca e a Finança a governar.

Esta é a essência da crise .

 

Infelizmente, é-o, há muito.

E o que é que isto tem a ver com o nosso 25 de Abril?? Perguntarão.

 

Tem tudo a ver.

 

Para nós Capitães de Abril, para a esmagadora maioria de nós, de todos nós, o verdadeiro 25 de Abril assentava numa base programática (o programa do MFA) com os direitos e os deveres do cidadão, dignos dum Estado-Social…e que, graças à luta dos progressistas, a Constituição da República Portuguesa viria a consagrar, em letra, em 2 de Abril de 1976.

Durante cerca de dois anos o MFA e os governos provisórios produziram quase 200 diplomas (Leis, DL e Portarias) que oficializaram as conquistas da Revolução…para alegria e satisfação popular.

 

Que País e que Estado-Social temos, 39 anos depois?

 

Há trinta e nove anos quisemos um país novo.

O programa do MFA deu o mote: descolonizar, democratizar e desenvolver. Ter PAZ, como necessidade intrínseca.

 

Tivemos muitos avanços e grandes recuos. Mas…

 

Que outra “guerra” ou outras “guerras” nos atormentam?

 

Dos marcos da Revolução Francesa : Liberdade, Igualdade e Fraternidade (Solidariedade), os poderes instalados só vibram com a Liberdade.

Mas onde andam a Igualdade, Fraternidade e a Solidariedade?

É que a Liberdade, anda de boca em boca, para que haja cada vez mais libertinagem para: “explorar”… “oprimir” … “mentir”…“manipular”.. A mentira e manipulação são a hipócrita bandeira na lapela dos governantes.

 

Sendo um país diferente :

-muitos sonhos ficaram por realizar,

 

-muitas situações de injustiça e iniquidade convivem connosco ainda hoje e agora!

 

-a gravíssima crise interna deve-se à coligação de interesses que nos tem desgovernado!

 

-e a crise internacional pretendem os poderosos curá-la exactamente com os mesmos falsos remédios que a criaram!

 

Voltámos a estar em “guerra”.E sabemos onde estão os inimigos.

 

Estando muito diferentes de há 39 anos, estávamos longe de pensar, que absurdos e negativos indicadores e comportamentos dos governantes hoje nos colocariam próximos duma bancarrota social e financeira, incentivada pelos especuladores agiotas e poderosos da banca e da finança internacional.

 

Quem nos conduz?

 

A esta austeridade suicidária geradora da continuada desaceleração da economia?

Ao exacerbar da pobreza?

À mais alta taxa de desemprego e aumento e generalização da precariedade?

À quebra dos salários, já dos mais baixos da União Europeia? À brutal redução das pensões dos reformados?

A uma despudorada e injusta carga fiscal?

Ao ataque ao direito ao trabalho digno e ao Estado Social com a grave redução dos legítimos direitos na saúde, na segurança social, na educação e na justiça?

 

Com esta política, Portugal tem vindo a empobrecer e as desigualdades têm vindo a aumentar exponencialmente.

 

Que se passa?

Desde o operário ao licenciado o português é bom profissional em todo o mundo! Que nos fazem ou deixamos que nos façam em Portugal.

 

E os sucessivos Governos que têm feito?

O 25 de Abril merece mais, merecia mais.

Merecia e merece outra Politica. Outra classe politica diferente da que tem detido o poder desde os Governos Constitucionais que infelizmente não têm sabido, em muitos momentos, estar à altura da grandeza da LIBERTAÇÃO de ABRIL.

 

Em 37 anos os sucessivos governos constitucionais têm-se mostrado reféns e amarrados a várias grilhetas internas e externas:

 

a)-Dentro do País/Internamente, prisioneiros:

 

*-de uma cultura “de poder pelo poder” em vez “do poder pelas pessoas, pelas nossas gentes” e de uma cultura da mentira e da manipulação.

 

*-da criação de clientelas e de elites sôfregas por lugares ao sol…e que por aí vão propagando formas de estar e de vivência nada condizentes com o espírito de Abril.

 

*-do asfixiar das responsabilidades cívicas e dos direitos de participação e da cidadania activa que Abril abriu.

 

*-do prodígio da incompetência e de estratégia de suicídio…que o mais pessimista de nós nunca esperaria após o25 de Abril.

 

*-da ilusão de alternativas salvadores mas que apenas têm escondido o papel de afundadores do País de Abril, repetindo e alternando a farsa a que se entregaram nesta quatro décadas subvertendo na prática as normas, os fundamentos e as linhas orientadoras da Constituição  de 1976 e ,pasme-se, até querendo atribuir-lhe, a ela e ao TC, os males do País.

 

*-pela incapacidade de desmontar uma intensa ofensiva ideológica levada a cabo pelos órgãos de comunicação, propriedade do grande capital, cujo objectivo tem sido criar condições favoráveis à continuação da política dos poderosos…e à desqualificação da vida dos trabalhadores.

 

*do enfraquecimento propositado do aparelho de estado para justificar contratações milionárias a privados.

 

*-da corrupção, da apropriação, assalto e esbulho aos bens, que supostamente deveriam estar ao serviço de todos os cidadãos, mas têm servido para a criação de coutadas geradoras de lucros e escandalosas remunerações e prémios anuais recordes do mundo .

 

*Reféns, pecado maior, do mando dos grupos financeiros e económicos nacionais, a cuja subordinação, esta nossa democracia já compete com os piores tempos da ditadura.

 

b)-Lá fora/Externamente,reféns

 

*-duma débil e falsa União Europeia (um gigante de pés de barro)para onde partimos (em 1986) apenas com dez anos de democracia e com um estrondoso atraso estrutural económico (herdado da ditadura) que só por si merecia, como muitos avisaram, outro tipo de negociações, outras cautelas, leviana e festivamente, desprezadas.

 

*-da incapacidade de fazer valer os pontos de vista nacionais, submissos à abdicação e imposição que nos fragilizaram em sectores económicos vitais (como nas pescas, na indústria e na agricultura…) entre outras malfeitorias semelhantes.

 

*-à cegueira de não perceber que a crise internacional teve responsáveis…os mesmíssimos que agora a querem curar à custa dos mais fracos e do sacrifício da classe que foi sempre a sacrificada:a classe trabalhadora.

 

*-cúmplices da ignorância do que tem acontecido aos povos que recorreram à designada “ajuda externa” que não é mais do que um “eufemismo” porque significa tudo menos ajuda. É exploração, é especulação, é ingerência…de agiotas, do mercado usuário.

 

*-duma lógica de integração capitalista que é o aumento da acumulação e concentração de capital dos grandes conglomerados  de empresas, dos monopólios dos países mais ricos  e desenvolvidos que não só engordam à custa do saque dos países do terceiro mundo, como também dos países menos desenvolvidos da U.E.

 

*-de não perceber que as ditas crises financeiras resultam das crises do capitalismo e baseiam-se sempre na sobre-acumulação de capital na esfera da produção. Não perceber que perante as crises ou impasses o capital monopolista irá tornar-se mais agressivo, predatório e sem escrúpulos, intensificando a exploração dos trabalhadores. O objectivo é a redução do custo da força do trabalho.

 

*-de não perceber ou ser cúmplices de que nenhum pacto, mecanismo ou programa de estabilidade, poderá, só por si, debelar a crise ou resolver as contradições do capitalismo, como ataque selvagem e bárbaro do capital contra os direitos e vida dos trabalhadores, das camadas populares e dos jovens.

 

*-de não compreender que com a continuação das politicas e dos comportamentos ,que teimosamente o Capital impõe ( perante o qual se têm vergado os responsáveis portugueses)…com a continuação dessas políticas o desemprego, a pobreza, e as contradições entre os estados-membros da U.E. irão aumentar, com graves consequências para os povos.

 

*-não entender que a escalada de ataques antipopulares atingirá todos os estados membros da U.E, porque o Capital Monopolista quer é reduzir o custo da força do trabalho, o seu objectivo fulcral é reforçar a competitividade não só em relação aos EUA, mas também em relação às forças emergentes como China, India e outras, com mão de obra muito mais baixa… a questão dos défices e dos endividamentos pode ser apenas e tão somente uma cortina de fumo…

 

Nada disto tem a ver com o que deu razão e motivou o 25 de Abril….

Tudo isto é contrário ao que aliança POVO-MFA queria, na alvorada libertadora…e afasta-se da Constituição mesmo com as sete alterações já impostas.

 

É essa política da contra-revolução - executada nas últimas quatro décadas por quase uma vintena de governos da troika nacional, muitas vezes em frontal desrespeito pela Constituição da República,  fora da lei Fundamental do País e, de há dois anos para cá, sob a batuta da troika ocupante - a única responsável pelo estado de desgraça a que Portugal chegou.

É essa política de ódio a Abril que urge derrotar e substituir por um política de sentido oposto, logo inspirada nos valores de Abril.

Por isso iremos comemorar os 40 anos de Abril. Por isso os comemoraremos em luta. Com a firme convicção de que é nos valores de Abril - nas suas conquistas políticas, sociais, económicas, culturais, civilizacionais - que se encontra a solução para os muitos e graves problemas criados pelos governos e pelas políticas da contra-revolução internas e externas.

 

Em 25 de Abril quisemos que as pessoas, os portugueses participassem no futuro.

Fizemos pontes para o futuro.

O poder hoje instalado “quer fazer do amanhã pontes para o passado”.

Quer regredir aos tempos de antes da revolução francesa.

Quer o empobrecimento de todos nós para que um por cento mande em noventa e nove por cento da humanidade. A austeridade é apenas um instrumento duma estratégia. Querem que se caia num “feudalismo moderno”.

 

Não deixaremos.

 

Com a certeza de que a conquista de tal solução depende, no essencial, da luta dos trabalhadores e do povo.

Com os trabalhadores e o povo, com a intervenção organizada de todos os homens, mulheres e jovens identificados com os valores de Abril, conquistaremos um rumo novo para Portugal.

 

Abril vencerá! Porque Abril é o futuro.

 

A luta continua e com ela continuará sempre…o sonho, a revolução e a esperança: que fizeram Abril, que deram força a Abril.

 

Tal como há 39 anos. Tal como durante 39 anos.

 

Há vitórias e derrotas nas constantes batalhas da Vida...[ já dizia B.Brecht ] mas a grande Vitória é continuar a lutar...a lutar pela paz, igualdade e justiça social.Alutar pelos valores de Abril e suas conquistas da Revolução.

 

“Sejamos realistas desejando o impossível.” Para além de Maio de 68.

 

Todos nós somos parte da solução.

 

Repetimos

 

Abril vencerá! Porque Abril é o futuro.

 

 

Manuel Duran Clemente,Coronel Ref.

[Cap. de Abril]

 

Membro da Presidência do CPPC e vogal da Direcção da ACR/Associação das Conquistas da Revolução. Membro do Grupo de Reflexão da Associação 25 de Abril.

 Abril de 2013.

PILÕES DE 1953 COMEMORARAM 50 ANOS DE ENTRADA

 

PILÕES DE  1953

COMEMORARAM  50  ANOS DE ENTRADA (em 2003).

 

Conforme tinham anunciado os Pilões entrados em 1953,no passado dia 10 de Outubro,de 2003,

comemoraram os 50 anos, com uma cerimónia nos claustros da 1ªSeccão e um jantar na APE.

 

Com a presença do representante do Director do Instituto,Sr.Coronel Luis Aguiar e do Presidente da APE,Sr.Coronel Borges Correia, encontraram-se  os seguintes ex-alunos:

          6-Pamplona,30-Clemente,37-António Tavares,

         57-Simão,87-Grilo;123-Carvalho,133-Lopes,154-Subtil,168-Germano Lopes,171-Cotovio,

         198-Marques,207-Matias,208-M.Barbosa Pereira,231-Isaque,243-Sousa,260-Marreiros,

         284-Sepúlveda,286-Rodrigues,301-Pinheiro,345-Gomes,394-Candido Tavares,396-Santos e

         397-Faustino.

 

                PLACA COMEMORATIVA DESCERRADA NOS CLAUSTROS

 

Compareceram também dez dos actuais alunos que têm o mesmo numero dos aniversariantes.Foi descerrada uma placa nos claustros evocando a efeméride e prestada homenagem os cinco condiscípulos já falecidos: 32-Moita,69-Frazão,106-Pimentel,191-Brito e 324-Fonseca.

Em simultâneo com a  visita  ao Museu do Instituto foi servido um “Porto de Honra” o que proporcionou um agradável convívio entre actuais e antigos alunos.  .

 

               JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO  NA SEDE DA APE

 

Seguiu-se um jantar de confraternização na Associação.Solicitadas ,em devido tempo,pela ComissãoOrganizadora foram as instalações da sede da APE cedidas para um jantar que ali decorreu  servido, com o brio e a competência habituais, pela Messe de Monsanto /F. A ..Como  convidado ,o Presidente da APE, manifestou todo seu contentamento e agradeceu o facto de , pela primeira vez ,ali se celebrar um jantar desta natureza comemorativa. Disponibilizou as instalações   como “a casa de todos os ex-alunos “  para disporem delas  sempre que quiserem. Sabendo do propósito de os presentes realizarem um jantar todos os meses, no velho “Ferro de Engomar”, deixou a sugestão de que por ali aparecessem  antes ou depois.

 

          EVOCAÇÃO FEITA POR REPRESENTANTE DOS EX ALUNOS

 

Na cerimónia de descerramento da  placa evocativa dos 50 anos de entrada no Instituo, ainda nos claustros,em representação dos ex-alunos tomou a palavra o ex-Pilão nº30 de 53-D.Clemente com uma intervenção muito sentida e oportuna.Não sendo possivel a transcrição do seu todo ,acha-se oportuno salientar alguns trechos da mesma.

 

Nestes cinquenta anos que comemoramos não é por acaso que é aqui  (nos claustros )que nos encontramos .

Nem é por acaso    que  é numa das suas paredes que  ficará pelo “tempo eterno possível”, na placa que acabámos de descerrar,o registo da nossa passagem,com as palavras:

 

recordamos com saudade o tempo que passou, a casa que nos educou, os amigos que ficaram, os que já partiram e os laços que nos uniram...  “

  

                      “Aos que já partiram, porque os queremos connosco, vamos no próximo minuto, em silêncio, dizer-lhes                 “estais presentes”         

 

Do tempo que passou....Cinco décadas de grandes mutações na vida de cada um e na vida da sociedade...”

“Vimos mudar de Século e de Milénio.”

“Passámos aos anos 2000: uns com muita esperança, outros com menos, se calhar alguns com pouca...mas todos com a certeza de que as crises, as grandes crises despertam as consciências. Obrigam-nos a desejar um mundo melhor: mais fraterno, com menos assimetrias...e com uma liberdade mais autêntica.”

“Foi este o tempo que passou  (50 anos muito peculiares) e com ele nós.

“Mas connosco também a formação especial que esta casa nos dotou.”

 

“Da casa que nos educou.”

“Uma Escola criada com a República. Uma Escola para os que mais dificilmente teriam tido formação secundária e média se  o “Pilão” não existisse. Por isso e não só uma Escola especial ;dela o que se recebe se recebe com uma gratidão singular.”

 

“ Na maioria éramos filhos de gente humilde e terá sido uma das primeiras lições aprendidas nesta casa :

- o enlaçarmo-nos com a força de que, por virmos de gente humilde, não seriamos por isso “gente menor” ,ao contrário ,aqui aprendemos a ter orgulho de nos fazermos grandes.”

 

“Maiores  em vontade de vencer, em vontade de resistir às adversidade e às dificuldades, numa dinâmica de receber tudo o que a Escola teve para nos dar

qualquer fosse a estação do ano em matéria das crises que a visitavam.”

 

“A Escola sempre teve crises, ciclicamente. Não é coisa só de agora. Delas soube renascer.”

“Nós sabemos bem as diferentes fases porque cá passámos!”

 “(Lembram-se do mestre Cuco ,da “aviação” quase todos os dias em contraste com os tempos de “la cuisine francaise” do mestre rabanete ...isto como exemplo, para ilustrar a referência)”

 

“Aqui aprendemos a “ter orgulho na vontade de vencer”. Vencer com dignidade sob a égide de QUERER É PODER.”

 

“Tínhamos disciplina, pois tínhamos...Tínhamos regras... Mas essa disciplina, essas regras eram eficazes porque integravam valores...aprendemos a respeitar valores. Poderiam não ser os mais correctos, poderiam estar contagiados  pela filosofia do Poder “reinante”(estavam com certeza) mas hoje sabemos que assim como a  rebeldia dos jovens que éramos os recebeu(recebeu esses valores,adquiriu  sentido das responsabilidades e graus de exigência), também mais tarde a maturidade e formação adquirida, soube  interpretá-los no sentido mais justo e equilibrado.

 Nada é fim em si mesmo. Os valores e princípios que contam são os que interessam à construção duma sociedade onde sejamos mais felizes.”

 

“Pois se hoje se diz que há uma crise de valores. Abençoada Escola que ainda hoje e aqui nos faz recordá-los.”

 

“Da casa que nos educou poderíamos dizer tanta coisa ...mas já todos o sabemos. Foi um universo construído por muitos...”  “ Todos arquitectos de um Pilão melhor; que sempre quiseram o melhor ... o melhor possível.”

“A nossa passagem(na década de 50) até teve a particularidade de conviver com titulares de notáveis empenhamentos  em reformar o Instituto, em colocá-lo no lugar que ele merecia, no topo duma hierarquia de prestigio, como instituição de ensino, no Portugal de então.”

 

“Mas deixem-me que vos sublinhe uma particularidade...muitas vezes esquecida.”

“A casa que nos educou foi sendo construída por muitos, mas também por nós próprios alunos. Será possível esquecer a quota-parte que tínhamos na sua gestão?

“Lembram-se da característica particular da auto-gestão que nos estava confiada e da experiência e responsabilidade que isso nos deu, ainda tão “novinhos” ??!! Nós éramos um corpo de alunos com uma significativa percentagem de facetas da nossa vida diária governada por nós próprios: a partir do meio do curso integrávamos (como graduados) o governo da maior parte das nossas actividades e mesmo que de cima ,da cúpula directora ou equivalente, as directrizes alternassem o autoritarismo  com a complacência,  isso sempre estimulou a nossa criatividade ora rebelde ora submissa. Rebeldes ou submissos continuávamos sendo “malta brava”  Limites, entre os quais, (rebeldia ou submissão) a nossa formação acabava por se fazer .Mas se entre esses limites  fomos cooperantes na construção da  nossa Escola, entre outros limites, nela, nos fomos construindo como pessoas:

 

       -entre discriminação e eleição;

       -entre humilhações e elogios;          

       -entre boas e más notas

       -entre as saudades,dos pais,e a sua sublimação;

       -entre tristezas e alegrias;                

       -entre preferências e preterições;

       -entre vitórias e derrotas

       -entre tantas outras contradições e paradoxos :verso e reverso

 

nos fizemos homens;a Escola ,  o Pilão” nos tornou adultos e diferentes.

    

Dos amigos que ficaram que o mesmo será dizer dos amigos que fizemos ou dos amigos que somos e dos laços que nos uniram...”

“São de facto circunstâncias de uma vida caracterizada por contradições entre alegrias e sofrimentos, entre sucessos e insucessos, que nos fizeram mais Amigos e que teceram os laços que nos uniram e nos unem.”

Às dificuldades ou à dor do companheiro do lado nunca ficávamos indiferentes.

começávamos a erguer as fundações duma Amizade duradoura  e a criar condições para  comungar com ele (companheiro do lado) também alegrias e sucessos...A Escola ,o Pilão ,foi pelo que já antes se referiu natural viveiro de Amizade, de espirito de camaradagem e de cumplicidades sem limites.

 

 Não sei se todos defendemos a tese de que efectivamente  foram as dificuldades(estas e a superação dos  obstáculos),vividas num meio-ambiente muito particular que nos tornaram mais amigos e solidários e também mais fortes?!

E nessa perspectiva consolidaram laços difíceis de destruir.!!!

 

Repetindo-me ,direi que das coisas boas fantasiamos e das que nos fizeram sofrer  calamos. Assim acontece sobre o que nos separou e assim acontece sobre o que nos dividiu... fruto do sistema, consequência de circunstâncias menos pedagógicas e menos positivas .Também existiam.

Que é isso se não mais do que erguer a amizade e os laços que nos unem?

Que é isso se não mais do que transformar “encontros/desencontros” numa dinâmica de afirmação onde prevalece o positivo,onde prevalecem os princípios adquiridos ?

A partir daqui cada um, à sua maneira, na construção dos pequenos ou grandes feitos, foi construindo um mundo melhor para os  vindouros.

 

                                            PARA QUE O PILÃO CONTINUE BEM VIVO

 

Estamos em 2003,aos dez dias do mês de Outubro, cinquenta anos depois da nossa entrada no Pilão e noventa e dois anos depois de ele ter nascido...Estará velha a Escola?! Já não serve?! Quiseram acabar com ela?! Quem deixou que estas ideias se firmassem?! Como é possível que num Portugal, com tantos e tão graves problemas no Ensino e na Educação, se tivessem deixado criar condições para que o Instituto sofresse  desgaste e descuido tamanhos?!

O que terá acontecido nos últimos anos para que a  cabeça do “Pilão” quase fosse colocada na guilhotina ??!!

Temos a obrigação de pugnar para que o Pilão continue vivo e,mais, até para que ele volte a ter o lugar que merece numa hierarquia de prestigio, como instituição de ensino, plena de tradições e de serviço prestado ao Desenvolvimento nacional seja na vertente técnica, económica, cultural, cívica ou militar.

Julgo que estamos convictos que temos de perfilhar uma acção coordenada e objectiva. É um desafio para todos os ex-alunos. É um repto para nós que devemos aproveitar esta comemoração  elegendo  este objectivo  para novos e futuros passos.

Com estes considerandos estou certo interpretar ,como podendo ser  de todos nós ou da maioria aqui presente, a seguinte proposta:

-          reforçarmos ainda mais o movimento associativo de ex-alunos para que o Instituto continue bem vivo,para que independentemente dos acertados e mais que justos despachos favoráveis à sua manutenção, a Escola readquira o estatuto que merece, impondo-se por si mesma, em qualidade e dignidade;

-           

Obrigado.      Obrigado Pilão, continuamos- te gratos:

 

 "QUERER É PODER. “             Ass:       M.Duran Clemente.  19530030

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Camilo Mortágua

 Camilo Mortágua.

Está Bem. Não somos amigos. Mas ainda tenho MEMÓRIA sobre a nossa luta anti-fascista.A de todos -de diferentes credos e ideologias - mas abnegados e corajosos anti Ditadura Salazarista.
Inacreditável os comentários nojentos que proto-fascistas ou fascistas vomitaram. Cumprimento filhas e mulher Inês. "-Camilo, não sejas teimoso...o telemóvel serve para quê???"MDC.
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Guardo para ocasião pessoal algumas criticas - a Camilo Mortágua- sem pôr em causa o essencial do que diz (uma amiga da família Mortágua) e muito menos a sua,dele, memorável luta anti-fascista.Nunca esperei que a sua idade ainda o afectasse c/um certo radicalismo sectário e injusto para com alguns de nós: Capitães de Abril. Uma última ocasião, comigo há uns anos e numa sessão pública...na SPA. Otelo,tb o reprovando, presente na Assembleia. Questão de feitios. E entre humanos, mesmo lutadores de muitos anos e antes de Abril/74, há desconhecimentos reprováveis. Camilo devia ter-se apercebido disso,como muitos de nós,perto na idade (vou fazer 80) e na luta de mais de 60 anos. A verdade e com a frontalidade que nos animou sempre: - fiquei muito triste com a o seu possível desaparecimento e possível trágico decesso. Já o senti e com outros "lutadores" e nestes últimos anos temos sido alvo desses desgostos inevitáveis.Iremos todos, convém deixar exemplos e incentivos. Não sei sei se Camilo tem tido ou terá esse sentimento connosco. Ocasos? Ou casos? Desejo saúde para todos neste período difícil, como noutros.Abraço.MDC (10.01.2022) Lx.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

O mito de Salazar o Estado Novo e as 8 famílias

 Partilhando um comentário com um jovem honesto e empreendedor:

"Caro X... conhecemo-nos há pouco. Peço-te que analises melhor os 48 anos de Salazar. A malta nova não sabe o q foram os últimos 28 anos do Estado Novo.E eu e muitos de nós ainda vivos sabemos...mas quem tem 30 ou 40 ou 50...anos não sabe! Os meus filhos,20 anos mais novos,também não sabem. Não sabem das injustiças,obscurantismo e do "Portugal Amordaçado" antes de 1974. Dos milhares de pobres emigrados para França, Suíça ,Brasil, Africa e EUA...etc.Dum pais mercantil,de riquezas próprias ou exploradas das colónias, e nada produtor nem industrializado,desde sempre. Duma guerra colonial fratricida de 13 anos. Sobre o nosso golpe de estado/74 e o PREC...a deturpação de quem perdeu privilégios ou até pode ter sido vitima de excessos...nada se compara aos excessos anteriores de quem prendia a liberdade,abafava o desenvolvimento para todos ou por todos... e deixava que este Portugal estivesse limitado à riqueza de oito famílias que suportaram Salazar,(Vasco Mellos,Alfredos da Silva, Champalimaus, Espíritos Santos,Queiroz Pereiras, Vanzeleres, Marques Pintos- Serralves-, Manuel Finos e outros,de menor dimensão ligados aos têxteis -Norte- e a latifúndios do Alentejo e Ribatejo...ou a algumas riquezas de Africa,como Jorge Jardim,Ferreira Santos,Mendes de Almeida,etc...).Foram esses que impediram uma outra solução,talvez a de Deslandes/General[Angola] e de Marcelo Caetano [PM].Os chamados Ultras (extrema-direita) encabeçados pelo ridículo PR,o Almirante Tomás, e o espertalhaço Gen.Kaúlza Arriaga, que conheci bem em Nampula...e onde até jantei algumas vezes em sua casa (1969/70)...por relações de amizade familiares, com sua mulher, Maria do Carmo F. Arriaga.MDC.
(pintura de Roberto Chichorro/Moçambicano muito Amigo. N.1941)
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Madalena Brito, Fernando de Deus e 13 outras pessoas
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