Antonio Trancoso:
Pensando bem vou dar-te razão: Aí vão as mentiras: é mentira que fui o melhor aluno na minha primária; é mentira que passei nos exames de admissão aos liceus em 1952,em Castelo Branco e no IPE;é mentira que fui o melhor aluno do meu curso/turma/ano, no IPE, desde o 3º ao 8º ano/ desde 1955/56 a 61;é mentira que estive sempre no quadro de honra nesses 6 anos;é mentira que fui sempre nesses anos chefe de turma;é mentira que tive prémios literários e outros prémios por comportamento exemplar,aplicação académica,cultura geral,etc...;é mentira que fui,como aluno, comandante de secção,de pelotão e do batalhão escolar ,sucessivamente nos últimos 3 anos; foi o padre/capelão que sempre me ajudou a chegar onde cheguei,pois ele fazia os exames por mim;é mentira que não tinha condições para ser comandante de batalhão porque não era o mais velho nem o mais alto; é mentira ,sem desprimor dos outros que alguns dos alunos entrados nesse meu ano tecem elogios à minha acção e postura como “batalhões”; é mentira que, em ano do Curso Médio e Geral de Contabilidade,além da alínea “e” dos liceus, tendo 18 valores a Contabilidade passei muitas das respostas aos meus próximos companheiros (entre eles tu) pelas cadeiras da aula,idem quando tive dezanove a Matemática e ajudei ,com cópias passadas a companheiros meus e entre eles tu; tudo mentira; é mentira que alcancei amizade, para toda a vida, com a família Mascarenhas no Palácio contiguo, graças a méritos alheios; é mentira que não fui "obrigado/pressionado" a ir para a Academia por persuasão do meu pai; é mentira que o capitão da companhia do primeiro ano na Academia recebeu uma carta para eu ir receber vários prémios ao IPE e achou uma honra, um seu cadete, ter aqueles prémios e ordenou a um cadete repetente emprestar-me a farda porque em Novembro de 1961,os novos alunos ainda não tinham farda nº um; é mentira que quis sair da Academia e fugi por cinco ou seis dias para o Algarve,em Maio, com uma namorada; é mentira que foi o meu querido pai (militar/tenente,SGE) que veio de S,Tomé no primeiro avião e me encontrou em Portimão após investigação, com ajuda do meu camarada e teu Luis Alves de Fraga,então um dos meus maiores amigos, e me trouxe de táxi para a A.M/Amadora; é mentira que apanhei os 15 dias de prisão da praxe (3 por cada dia de ausência) e não os 30 dias que impunham expulsão;´é mentira que o meu passado nada contribuiu para a recepção especial que tive do general e comandante do corpo de alunos da A.M. e que foi o antigo capelão que me salvou da expulsão; é mentira que convidado,pelo General Comandante,Buceta Martins, a entrar nos Colóquios Culturais entre Academias portuguesa e espanhola venci no tema principal e fui numa comitiva especial em Outubro a Saragoça ,explicitar os nossos escritos,tendo visitado outras academias militares especializadas ; é mentira o louvor do General ““« Louvado por Sua Exa. o General Comandante da A.M., porque tendo tomado parte no Concurso aberto na Academia para elaboração das duas teses e apresentar pelos seus alunos no II Colóquio com a Academia General de Saragoça, obteve a melhor classificação no trabalho que apresentou em uma delas, com o título: “ Camões: o homem, a sua época e a obra “. Neste trabalho o Cadete-aluno Santos Clemente manifestou, além, de viva inteligência, uma capacidade de investigação, um poder apreciável de análise e síntese e marcada elegância na redacção que são tanto mais de realçar quanto é certo que os alunos dispuseram de tempo relativamente curto para o estudo da vasta bibliografia sobre Camões e Cervantes, e para a completa elaboração do seu trabalho, que em grande parte teve de ser realizada durante os períodos lectivos paralelamente aos trabalhos escolares. O brilho e poder de argumentação que o Cadete Santos Clemente revelou nas duas intervenções durante os debates do colóquio, constituíram outra faceta que julga dever focar, porque permite augurar-lhe futuros êxitos em actividades culturais designadamente nas de discussão e polémica e merece, por isso, uma palavra de caloroso estímulo que lhe dirige com muita satisfação. ( O.S. da A.M. nº 30 de I963 )»; é mentira que (só tendo 20 anos) depois deste conforto passou o segundo ano da Academia em segundo lugar do seu curso,tendo as matérias do seu curso de Administração,muito da base dos seus cursos do IPE e ainda tendo uma formação de educação física e militar superior aos outros que vinha de vida civil;é mentira que enquanto no IPE nas provas de eduação fisica bloqueava de nervosismo e (como exemplo) só fazia uma subida na trave e na Academia descontraído fazia nove o que me auferia nas provas 18 valores em vez de 11 ou 12 no IPE perante o terror do excelente Prof. Robalo Gouveia que tinha os seus queridos em umas três dezenas de alunos da Classe Especial e pouco gostava dos bons alunos; é mentira que em educação militar fui sempre aluno de 16,17 ou 18 valores no IPE e a A.M., engano, é mentira. É mentira que no ultimo ano da A.M e antes do estágio que completavam os 4 anos voltei a querer sair “chumbando” mas os professores davam-me sempre nota para passar; é mentira que mudei de estratégia e procurei passar, ir à guerra e nos 8 anos de oficial,de acordo com o RDM (1973) pediria para sair ;é mentira que fui o primeiro classificado no meu curso da Administração Militar depois do estágio ,já em 1964/65, à frente do tenente Capote,tenente Machado,cadete Dias Costa,cadete Mila Filipe,cadete Almeida Pereira e cadete Mário Loureiro;é mentira que durante os 9 anos de exercício militar e até 1975, tive seis louvores militares, sendo cinco de oficial general e a condecoração de Grau de Cavaleiro da Ordem de Aviz e medalha de Ouro da Cruz Vermelha,tudo graças ao mérito dos fantasmas de António Trancoso; é mentira que não comecei por bandas de 1960 a conspirar com um grupo de artistas e intelectuais amigos do meu Amigo Fernando Mascarenhas; é mentira que em 1973 chegados aos oito anos de oficial e como previa o RDM(artigo 8º) fiz um requerimento ,(manifesto politico)de mais de 20 folhas de papel selado,pedindo a passagem prevista a miliciano e entregue no Ministerio do Exército,em Abril, coincidindo com o inicio do Terceiro Congresso da Oposição Democrática,em Aveiro, onde estive com mais militares clandestinamente e distribui cópias do documento ;é mentira que foi indeferido e,aí sim o meu pai evitou que fosse preso, mas não evitou que fosse parar à Guiné,onde,continuando com cópias do documento, com uns quantos capitães, continuei a conspiração; é mentira que fui eleito para a primeira comissão do MFA pelos capitães e o mais votado; por ultimo como ninguém conhece tão bem a história da revolta do 25 de Abril –como António Trancoso,um Ilhéu talvez rancoroso e talvez hipócrita, é verdade que fui eu que disse ….sem mim não havia 25 de Abril; é mentira que durante 1974 e 1975 fui activo defensor dum 25 da Abril para se concretizarem os 3 Ds , plasmados no programa do MFA das conclusões do terceiro Congresso de Aveiro; é mentira que tive de me exilar por causa dum novembro do nosso Outono/75; é mentira que me mantenho coerente com os mesmos princípios em 45 anos;é mentira que fui autarca durante anos e assessor de autarquias e gestor de empresas e estimado por parceiros ,colaboradores e trabalhadores.
Claro que sabeis a verdade. Quem me conhece e ouve não insiste em calúnias.
Multipliquem por menos um e vejam os meus discursos e escritos…onde até descrevo os militares mais importantes no 25 de Abril…e vejam como se forjam calúnias sob a capa de se ser um santo cidadão:António Trancoso,expulso da Academia Militar por razões disciplinares e não politicas em 1964/65...(?).
Não sou de ressentimentos mas já vai longe esta embirração que cheira a outra coisa. Conto pelos dedos duma mão os amigos que nunca me estimaram e reconhecem a dignidade da minha vida.
Podem perguntar? Porque ligo a isto? É do meu feitio e acredito na sensibilidade humana e na verdade.Mas é um tanto triste.
Manuel Antonio Duran dos Santos Clemente
. Lisboa ,23.Janeiro.2021
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