Meu querido filho.Há no teu olhar a verdade do mundo!
O que o mundo é, não sei, nem amanhã saberei.
Se não ousasse ter um ponto de apoio onde fixe meus pensamentos( que este corpo alimenta)nada existiria que me merecesse respeito...
Mas tenho-te.
Tenho no teu olhar a verdade do mundo.E não sei como ela é.
Sinto-a com o teu olhar.Cheia de amor.
Cheia de ternura.Cheia de uma paz que não sou capaz de ver em mais ninguém.Todos clamam por ela,mas são demasiado conscientes e a sua voz perde-se num vendaval de cuidados.Mas tu não.Tu,até existes,e no bulício de hoje que abraças com teu "ser"está todo o sentido das manhãs cheias (tardes e noites) dos nossos dias.
Cheias de irrequietude!
Cheias de irreflexões!
Cheias de vazios a preencher de imediato!
Cheias dum sol que aquece!
Cheias de tempestades bonanças!
Cheias de força...duma força que transborda e chega até mim.Pai.
(1969/Nampula.Carta a André,quando fez dois anos...)
sábado, 19 de dezembro de 2009
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A maior beleza desta carta, como da outra ao Frederico, por nascer, é o facto de serem textos tão pacíficos escritos em tempo de guerra.
ResponderEliminarE que ao fim de 40 e picos anos, se mantêm tão actuais que resistem a uma publicação.
É a grande força do amor aos filhos - nunca se desvanece, antes pelo contrário.
Um abraço
Madalena