domingo, 31 de julho de 2022

A SALADA PUTINISTA DUM MANIPULADOR.

 A SALADA PUTINISTA DUM MANIPULADOR.

ESTE NUNO DE MELO é um aldrabão e mete tudo no saco da mentira e da ignorância vergonhosa.
Então Vasco Gonçalves(VG) queria uma CUBA europeia? Não . VG queria melhor vida para os pobres e para os portugueses em geral.
Então VG falava no horroroso "poder popular". Pois falava por contraposição ao poder de oito famílias ricas que limitaram o desenvolvimento nacional até 1974.
Então VG quis a Reforma Agrária e a nacionalização de empresas estratégicas? Pois na sequência do 11 de Março/75 tendo-se constatado o boicote dos latifundiários e igual boicote de empresários e banqueiros ao desenvolvimento português com regras e fins democráticos (riqueza para as pessoas) foi maioritária a decisão colectiva do MFA, por este aldrabão agora atribuídas unicamente a VG...PM de 4 governos..
Então os mandatos em branco(?) assinados(?) por Otelo...são da responsabilidade de VG? Este aldrabão e trafulha acha que mandatos em branco são assinados!!!
VG nada tem a ver com o assalto ao R.Renascença. N Melo mente sem escrúpulos.
Jaime Neves um militar de curriculum suspeito...de actos -ainda por clarificar - na Guerra Colonial e que em 1970 em Nampula destruiu ,com tropas suas, um restaurante, como eu e outros militares testemunhámos, e que em 25 de Novembro/75 se excedeu á revelia de ordens superiores...provocando mortos e querendo até ir mais longe (ver RTP) esse é que merece ser homenageado!!!???
Ele VG foi afastado de PM, vergonhosamente e de forma pouco séria em 5 de Setembro/75,em Tancos,numa Assembleia Militar " ad hoc"...(quase 3 meses antes de Nov/75), porque queria o socialismo e sabia defender os direitos dos trabalhadores! E ele VG é que provoca o 25 de Novembro/75????...Nuno Melo é especialista em trocar as mãos pelos pés! Mas oito meses depois o Socialismo era aprovado na Constituição por todos os partidos menos o CDS. E nessa Constituição de Abril/76 as conquistas da revolução oriundas de quase 200 Decretos-Leis publicados por VG foram plasmadas no texto Constitucional. Mas a eminência parda de Nuno Melo vê em VG um "troglodita horroroso" a mando do comunismo. Ora pois este trafulha vaidoso está a ver-se ao espelho!!!
Houve mais demagogias e ficções vomitadas por este actual presidente do CDS...partido que quase deixou de existir.
Será preciso acrescentar mais?
Parabéns Baptista Alves e ACR.
MDC
Sobre o monumento a Vasco Gonçalves

Joffre e o MRPP e muita história enviesada

 

Meu caro Joffre .

Quase tudo certo..MAS.

É um "relatório" assaz subjectivo em algumas afirmações. Só tu que foste apaniguado MRPP podias exagerar na evidência dum MRPP que nunca teve o papel que lhe atribuis.

Aí é uma das poucas tuas tendências afirmativas para mim que são negativas. Estás enganado.

Esqueceste de outros nomes de antifascistas que gravosamente não referes e alguns mortos pela PIDE. Claro todos do PCP. Nenhum do MRPP...com figuras burguesíssimas como Durão Barroso e o entediante, meu amigo, militar e diletante Aventino Teixeira e bem outras. Não quero ser injusto apontando, por defeito, muitos nomes de militantes comunistas do PCP. mortos ou presos e bem assim por excesso dos teus safados "camaradas" do MRPP –endeusados- que fizeram tanta "merda" que bem pareciam estar ao serviço da CIA/FBI. Como os FEC/ML, os OC/MLP,os PRP/BR e outros MLs.

Safam-se a LCI e a UDP sem PCP/ML. Sabemos do que falamos.

 

Depois tens outros enganos. O PREC foi em 1974/Abr. e 1975/Nov. e não até 1979.

O PCP deixou de ser PCP após Novembro/1974 (Tratado de Vladivostok entre Brejnev/Ford/Kissinger)-as “Tordesilhas do séc.XX”- e não após o 11 de Novembro de 1975.  Não houve travagem do PCP só nessa altura em 1975 mas sim um esclarecimento tardio de Álvaro Cunhal (em Alhandra,reunião do CC/Agosto/1975) duma realidade escondida para não desesperar, ou minorar esperanças, a militantes comunistas Nunca haveria comunismo na Península Ibérica… como rezava a ficção e farsa de Ourém em 1917.

Essa história da travagem do PCP em 11 Nov/75 é uma invenção do PS e dos seus amigos radicais(todos os que apontamos).Mário Soares e os militares de Melo Antunes, e de Vasco Lourenço e de Eanes e do eminente pardo Sousa Castro, bem se serviram da ignorância e do anti-comunismo dos possessos da igreja .Todos ficcionando fantasmas e deficiente cultura política que servisse verdadeiramente o Povo. Alguns teimosos ainda hoje mantém essa ideia e outras ideias e escaramuças virtuais. É o caso grave de Vasco Lourenço presidente da A25A , um ilustre maçon e PS escondido...nada convencido que foi –acompanhado- líder da divisão e do afastamento de dezenas de militares de Abril influentes e que nele bem se empenharam. Caluniados até à morte apesar da tentativa ilustre de alguns terem sido propostos para agraciações (e agraciados com a OL) 47 anos depois. Não sei se por sinceridade se por conveniência de ficarem gratos e calados. Todos os moderados desconhecem ou ignoram o  novo “Tratado de Tordesilhas de 1974”. Este forjado por uma santa aliança entre uma URSS já decadente e duns EUA prepotentes, ambos a quererem ser hegemónicos na divisão do planeta.

Há razão quando se aponta a injustiça com Botelho Moniz. Merecia ser condecorado. Bem assim retiradas as comendas de Kaúlza. Nada de razoável que omitas ou omitam nomes de valorosos antifascistas como são símbolos (três deles) Bento Gonçalves,Dias Coelho e Catarina Eufémia.

O MFA foi uma vanguarda de militares consciencializados durante 13 anos de guerra e com o espirito universitário desde 1959.Eles souberam ouvir os ventos da História dos anos sessenta e as contradições da velha teimosia colonial lusa. Souberam da iliteracia nacional e da sua fraca demografia. Os capitães de Abril influentes no processo não foram catequisados pelas lutas académicas. Essa é outra falácia dos débeis  nossos historiadores -e são quase todos-. Leiam "Questionar Abril de Pezarat Correia e os livros de Aniceto Afonso e de Matos Gomes...ou de Vasco Gonçalves, Varela Gomes, Dinis de Almeida,Ramiro Correia, ou de MDC, ou de Manuel Begonha, Baptista Alves, Martins Guerreiro, Matos Serra, Marques Pinto, Jesuíno Correia ou de José Boto ...ou de outros militares cultos e sérios. Vivemos os acontecimentos com outra consciência a partir dos seus 20 anos… Muito a dizer. Abraço Joffre.

Manuel Duran Clemente (31.07.2022)

quarta-feira, 27 de julho de 2022

DOCUMENTO DE CONTESTAÇÃO --Bissau (Agosto/1973)

 DOCUMENTO DE CONTESTAÇÃO --Bissau (Agosto/1973)

Este documento escrito a quatro mãos por nós capitães, Almeida Coimbra, Matos Gomes, Joaquim Branco (em casa deste/Santa Luzia) e por mim, foi o primeiro documento de revolta assinado por 45 capitães e 6 tenentes enviado em Agosto aos PR -Tomás,PM -Caetano,Ministro da Defesa e do Exercito, Ministro da Ed.Nacional e Secretário de Estado do Exercito............O efectivo e concreto início da revolta e que estimula a reunião de 132 militares em Évora/Alcáçovas-9 Set/73... MDC.
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OBS: Entre os assinantes estão os 4 autores do texto e também Otelo S.Carvalho, Salgueiro Maia, Jorge Golias, Sousa Pinto, Varela Rubim, Manuel Monge, Simões da Silva, Ferros de Azevedo, Queirós de Lima ,Lopes Rego, Alves Monteiro, Baptista Serra, José Coutinho, Rola Pata, Pontes Fernandes, Carvalho Bicho,Sousa Bernardes e mais 25 capitães e 6 tenentes Alfredo Assunção(Cav), Saldanha do Vale(SAM),Artur Moutinho(SAM),Inácio Rosário(SAM),Joaquim dos Reis(Cav) e Baluda Cid(Cav)...Tenho os nomes todos. MDC.
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CAPITÃES HONRADOS OTELO e DINIZ de ALMEIDA mais completo

 CAPITÃES HONRADOS OTELO e DINIZ de ALMEIDA mais completo

Homenagem à sua partida.
Nós iremos ter com eles seguindo a Estrela Polar...
Mas falemos de verdades. Verdades esquecidas.
Diniz esteve sempre com a revolução. Otelo não, nem sempre! Foi infeliz. Como outros dignos de Abril ...capitães de Abril que se encolheram no Outono de 1975,
MDC.
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O PR Gen.Costa Gomes - em nova tentativa de serenar os ânimos- convoca todos os comandantes das referidas unidades para uma reunião no Regimento da Policia Militar. (...)
Eu próprio enfrentei argumentos de Jaime Neves no seu ataque ao MFA e às características duma nova mentalidade de acção,de operações,de comando e de disciplina consentida. Estamos a dois ou três dias do nevoeiro de Outono.
As manobras para acabar com a esquerda militar revolucionária estavam no seu ponto mais alto. (...)
É, como já referi, clarificador, ler o livro do comandante Gomes Mota editado em 1976: “A Resistência”. Temos, ponto por ponto, como foi preparada a inventona de golpe da esquerda em 25 de Novembro.
(...) Vasco Lourenço no seu livro “No interior da Revolução”, há poucos anos escrito, também acaba por ser esclarecedor e numa entrevista comigo na RTP conclui e declara gentilmente que não houve nenhum golpe mas sim um aproveitamento da revolta dos paraquedistas de Tancos, por parte do grupo de coronéis. (...)MDC.
Ai a memória. MDC.
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Zeca Afonso foi sempre revolucionário coerente. Otelo depois de meados de 1975 foi bastante inconstante, Alguns de nós não gostámos. Nada tem a ver com o nosso acto até à libertação de Abril e até ao 11 de Março de 1975. Convém separar as águas!!! E saber quem causou a divisão entre Otelistas,Gonçalvistas e Abrilistas medrosos!!! ??? Não pode haver lugar a confusões por feitos ilustres antes das dissidências. E há uma dissidência de Otelo com Vasco Gonçalves e outras com alguns de nós bastante incongruentes e perigosas. Um dia ,para dar um exemplo, perguntou me por telefone se eu tinha armas nos estúdios da radio da 5ª Divisão/EMGFA-Janelas Verdes(Julho1975) ...Respondi: "sim há cá uma G3 na posse do segurança...e se fosses à m--da..."(sic). Participou de mim ao meu Chefe PR e CEMGFA... que me chamou para arquivar o processo e rindo-se de Otelo. Costa Gomes (que me conhecia de Nampula) apenas me pediu para eu promover o fim dos SUV. "Acabar com os SUV"? Retorqui... e mais eu disse "Mas eu nada tenho a ver com os SUV" (...) "Mas Meu General está nas suas mãos acabar com eles." Satisfaça as reivindicações deles". «Há uma hora Álvaro Cunhal disse-me o mesmo, não quero partidarismo na tropa» "Mas meu General ter a mesma opinião é uma questão dialéctica, como sabe melhor do que eu" respondi. Ora Otelo e eu MDC fomos capitães em Bissau e fui eu que o introduzi na conspiração. ....Sei do que falo. MDC
(OBS : Tenho a sua dedicatória no livro "Alvorada em Abril" escrita em Janeiro de 1978 e que pessoalmente me entregou em m/casa em Algés.MDC,
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Não confundir actos heroicos como actos heroicos de insurreição, Há uma grande diferença. Não quer que eu explique mais para justificar o que acho relativamente ao nosso 25 de Abril em Portugal e na Guiné. E o que acho de actos heroicos na defesa da nossa vida e dos nossos militares e populações na trágica guerra colonial...é bem diferente, com Heróis praças, sargentos e oficiais do quadro e milicianos. O Otelo é tão herói no 25 de Abril como muitos outros nos seus actos de insurreição cumprindo um plano elaborado por um grupo de oficiais e executado pela chefia ou comando de outros. Penso ter sido claro. A revolução fazia-se mesmo se o Brigadeiro Lameiras matasse Salgueiro Maia e o Alfredo Assunção. E aí também houve dois heróis (agraciados o ano passado-47 anos depois ) um Cabo atirador e um Alferes Miliciano que se recusaram a matar ou seja a disparar o canhão do carro de combate... que assassinaria Maia,Assunção e dezenas de passageiros vindos da outra margem.... O golpe continuaria. Havia substitutos e muitos meios da nossa parte!!! A emoção e o sentimento fazem parir montanhas...e a bola de cristal,.Abraço. MDC.
Pode ser um grande plano de 1 pessoa

terça-feira, 26 de julho de 2022

Otelo e Dinis de Almeida... Homenagem... Um ano depois.

 Em defesa do ano 1975 e desmontando o ataque miserável e cobarde a Otelo.

Liquidar Abril e a esquerda militar revolucionária.
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«Apenas - Otelo,e não só - evitou uma possível guerra civil. O falecido camarada Diniz Almeida, nunca compreendeu o papel de Otelo, nesse dia, e ficou desde sempre agastado com ele e com Vasco Lourenço. Nunca mais pôs os pés na Associação 25 de Abril, ficou muito chocado com o acontecimento e proferiu palavras amargas debaixo duma pressão inicial e mágoa por ter sido preso injustamente. Este estado de espirito ao longo dos anos e para sempre. Não perdoou aos que fabricaram o inventado golpe de 25 de Nov. Nunca quis discutir o caso.Retirou-se do meio militar de forma radical. Respeita-se. Paz aos dois falecidos. Honra ao que fizeram e participaram na conquista da Liberdade. Os acontecimentos são bastante mais complexos e este aproveitamento é pouco sério. Ainda hoje e aqui tentarei explicar o que se passou,evitando uma provável guerra civil, e como foi decisiva a intervenção de Rosa Coutinho,Martins Guerreiro,Carlos Contreiras,José Emilio,Costa Martins, Comandante dos Fuzileiros ...e outros . Otelo recusou um banho de sangue que seria provável se os Fuzileiros (como se propuseram) atacassem os Comandos. Como sabemos não houve nenhum golpe de esquerda nem de direita. Sim um aproveitamento da saída dos paraquedistas em litígio com o seu CEMFA.
Leiam o livro "A Resistência" de Gomes Mota/1976. Ele explica as acções do grupo dos nove. Otelo não era desse grupo.»
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Uso este comentário de uma resposta dada a alguém que referiu palavras, pouco abonatórias, de Diniz de Almeida sobre Otelo Saraiva de Carvalho.
O que se passou durante o ano de 1975 merece ser contextualizado pois ao focarmo-nos em casos isolados proporcionamos as mais descabidas especulações.
Vasco Gonçalves solicita-nos, no final do ano de 1974, para que no Boletim do MFA (edição quinzenal da Comissão Coordenadora do MFA produzida pela 5ªDivisão do EMGFA) se aborde o tema do positivo progresso político e do entrave/estagnação do processo económico no país. Nesse artigo editado, com o título “Do Politico ao Económico” se narram as contradições. Enquanto politicamente teriam já havido os avanços que traduziram vastas Conquistas da Revolução, com dezenas de Decretos-Leis, (mais tarde plasmados na Constituição Portuguesa) no campo económico era notória a influência das estruturas da ditadura, com poderes dos senhores do capital a boicotar e a sabotar o melhor caminho para o desenvolvimento sustentável e necessário face a uma nova ordem que se exigia. Era forçoso nascer um novo Plano Económico consequente com as novas realidades.
Melo Antunes e um grupo de “experts” vão para Sesimbra e produzem um Plano Económico que por algum radicalismo de esquerda e de falhas no seu conteúdo acabou por não ser aprovado pelo MFA. Estávamos em Fevereiro desse ano e o 11 de Março-ataque Spinolista- acelerou a luta contra a sabotagem e boicote dos “grandes senhores” ao desenvolvimento democrático do país e reformulou a estrutura revolucionária dum MFA, apesar de já se avizinhar um sentimento de desagregação deste. Unidos sim , nesse dia do cobarde ataque ao RAL 1, manipuladas. as forças paraquedistas de Tancos, pelo próprio Spínola que fugiria com alguns dos seus colaboradores para Espanha.
Frank Carlucci , embaixador dos EUA ins alou-se em Portugal no principio de 1975. Já tinha currículo de servidor anti-democracias. Nunca se esclareceu a sua influência sobre personagens do nosso processo e se ela não terá chegado a Spínola antes do seu golpe anti-patriota. Talvez seja conveniente esclarecer um acontecimento nada divulgado pelos “midia”. Referimo-nos ao acordo de Vladivostok em 24 de Novembro de 1974. Repito de 1974.Nessa ocasião Brejnev, Ford e Kissinger, entre outras decisões aplaudiram o regresso massivo de portugueses trabalhadores nas colónias, sobretudo de 500.000 de Angola, através duma ponte aérea, apoiada pelos americanos e que serviu de chantagem, como adiante se referirá. Aí ficou clara uma divisão: O petróleo de Angola para os EUA e o resto para a URSS (infelizmente já em processo decadente). Mais, ter sido notório, no acordo, que Portugal jamais seria um satélite comunista mas sim um precioso membro da NATO. O PCP soube disso mas não conseguiu travar o anti-comunismo , cego e demagógico, fabricado pelo obscurantismo de 48 anos da ditadura Salazarista. Qualquer reivindicação em prol dos mais elementares direitos do Povo Português desde o MFA (progressista) ao mais radical extremismo de esquerda era atribuída ao PCP. Esta incultura foi grave ,muito grave.
Vieram as eleições em 25 de Abril de 1975, sempre defendidas como oportunas pelo PR, Costa Gomes e por parte do MFA e contra quem considerava ainda precipitado.. O Partido Socialista venceu. Logo sobressaíram manifestações significativas por parte de certa percentagem dos seus dirigentes, com destaque para Mário Soares e aplausos do embaixador Americano.
Lembrar a alameda D.Afonso Henriques ,em Julho, e a saída dos ministros do PS do quarto Governo de Vasco Gonçalves. Aqui, pode dizer-se, começou o 25 de Novembro. Manifestaram-se no processo outros actores , os designados de moderados. Todos os outros, aderentes à revolução, foram apelidados de radicais e extremistas .
Os EUA através de Carlucci lançaram então o seu ataque a quem, em verdade. queria uma revolução que incluísse a protecção dos mais desfavorecidos.A chantagem como referi antes, foi “ou despedem Vasco Gonçalves ou deixamos de apoiar a ponte aérea ou até aplicamos outras sanções”. Depois de algumas acesas discussões,com vitórias e derrotas, entre facções do MFA, agora já verdadeiramente dividido, acontecem o aparecimento do grupo dos nove, chefiado por Melo Antunes, o assalto à 5ª Divisão do EMGFA pelo Regimento de Comandos, a extinção deste num dia e seu ressurgimento no dia seguinte avalizado por Otelo, a carta de Otelo a aconselhar Vasco Gonçalves a ir para casa e finalmente em princípios de Setembro e em Tancos, a sua exoneração de Primeiro Ministro, numa Assembleia (Ad-Hoc) do Exercito, (com alguns militares acabados de chegar de Angola).
Intensifica-se o caminho para o 25 de Novembro com a nomeação de Pinheiro de Azevedo, como PM do sexto governo provisório, o qual provocaria conturbados episódios, como o cerco à AR pelos trabalhadores, outras manifestações e actos provocatórios…até ao fatal dia.
Antes desse dia o culminar das dissensões é traduzido pela nomeação de Vasco Lourenço, como Governador Militar de Lisboa , substituindo Otelo Saraiva de Carvalho. A maioria das unidades militares não aceitou bem esta mudança como verifiquei e transmiti aos jornalistas, ao portão do COPCON, divulgando quais estavam contra e quais (muito poucas) estavam a favor. Poderão confirmar na imprensa da época. De notar que nesse debate estiveram representantes de todas as unidades em causa. Lá esteve em surdina Jaime Neves.
O PR ,Costa Gomes, em nova tentativa de serenar os ânimos, convoca todos os comandantes das referidas unidades para uma reunião no Regimento da Policia Militar. Comunica e confirma a nomeação de Vasco Lourenço, apesar das razões, contra e a favor, apresentadas por alguns dos intervenientes. Eu próprio enfrentei argumentos de Jaime Neves no seu ataque ao MFA e às características duma nova mentalidade de acção,de operações,de comando e de disciplina consentida. Estamos a dois ou três dias do nevoeiro de Outono.
As manobras para acabar com a esquerda militar revolucionária estavam no seu ponto mais alto. É, como já referi, clarificador, ler o livro do comandante Gomes Mota editado em 1976: “A Resistência”. Temos, ponto por ponto, como foi preparada a inventona de golpe da esquerda em 25 de Novembro. Vasco Lourenço no seu livro “No interior da Revolução”, há poucos anos escrito, também acaba por ser esclarecedor e numa entrevista comigo na RTP conclui e declara gentilmente que não houve nenhum golpe mas sim um aproveitamento da revolta dos paraquedistas de Tancos, por parte do grupo de coronéis. Esses que efectivamente tinham um plano, descrito neste livro quarenta anos depois.
Para quem não saiba o então Chefe do Estado Maior da Força Aérea, Morais Silva,resolveu liquidar o Regimento de Paraquedistas de Tancos e mandar para o desemprego cerca de quatro mil -4.000- profissionais duma especialidade, contratual, de tipo permanente ,como os marinheiros . Grande parte chefes de família.
Claro que no contexto da época era admissível contestarem-se estas ordens desumanas. A reação dos paraquedistas, ocupação de Bases Aéreas, foi isolada de qualquer outra motivação que não a manutenção do seu posto de trabalho. Foi isso que explicaram quando lhes dei oportunidade, com o conhecimento que dei ao COPCON, de esclarecerem os portugueses na RTP durante a tarde no dia 25 de Novembro.
No fim desse dia foi decretado o estado de sítio e o PR chamou todos os comandos dos quarteis do Governo Militar de Lisboa. Os que compareceram tiveram a prisão como destino. Outros ,como eu, exilaram-se. Entretanto o Regimento de Comandos passeou-se por Lisboa e atacou, já noite fora, os militares do Regimento da Policia Militar cujo comandante Major Campos Andrada e segundo comandante Capitão Mário Tomé se mantiveram activos na chefia dos seus homens. Infelizmente houve três vítimas dum lado (2) e de outro(1) mas o conflito foi de pouco tempo.
Otelo também foi chamado pelo PR e apresentou-se. Antes,no COPCON, não tinha aceitado o contributo de certas forças (exemplo:Fuzileiros) que queriam reagir à jactância dos Comandos de Jaime Neves. Também os outros militares acima referidos, Rosa Coutinho ,Martins Guerreiro,Carlos Contreiras ,José Emilio, Costa Martins,Comandante dos Fuzileiros…, acharam conveniente evitar-se um confronto que certamente acabaria numa guerra fratricida e banho de sangue.
Otelo e não só, estiveram bem.
Ao largo uma esquadra americana esperava o quê? Sabemos bem.
Manuel Duran Clemente, cor.ref. / Lisboa 28.07.2021
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