segunda-feira, 27 de abril de 2020

A VERDADE por Carlos Matos Gomes.

A VERDADE por Carlos Matos Gomes.
«O 25 de Abril e os revivalistas militares
Dos que mordem a mão de quem lhes abriu a porta»
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Completamente de acordo com o meu camarada desde sempre e desde Bissau.
Partilhado dele: «Essa geração, que é a minha, cumpriu e bateu-se como poucas ao longo da nossa História até para além dos limites razoáveis, por vezes em situações de vexame, como na Índia, ou de desprezo por parte de aliados, os EUA e a Inglaterra, que até impediram a utilização dos meios da NATO em África, aviões F 86, navios, viaturas (GMC) rádios, p.ex. A guerra irá terminar com os limitados (mas foi o que se conseguiu) caças bombardeiros portugueses Fiat G91 a serem abatidos por mísseis Strela das guerrilhas, porque os “aliados” colocavam sérias dificuldades em venderem outros mais modernos, com as forças portuguesas acusados internacionalmente de crimes de guerra e de genocídios, como os de Wiriamu! »
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«Foi a este “Estado a que isto chegou”, nas palavras de Salgueiro Maia, que uma parte dos militares, a dos melhores, desde logo pela razão elementar de terem ganho consciência da irracionalidade criminosa de uma política de guerra sem objetivo, nem fim, nem meios, uma guerra de queimar portugueses sem sentido, deu o devido e patriótico fim a 25 de Abril de 1974. O qual não devia, segundo esta franja de militares, ser comemorado! Li que a presença dos chefes de estado-maior não “dignificava as Forças Armadas”, que as envergonhava!
Foi o 25 de Abril que retirou Portugal do grupo dos estados-pária onde se encontrava. Que permitiu restabelecer ligações sem “vergonha” com aliados europeus e americanos, mas também com países do Terceiro Mundo, com o mundo árabe (o Egito, em particular), a África (OUA), a Ásia (China e Índia, em particular), a URSS e os seus aliados.»
Actual Coronel e escritor ,capitão de Abril ,Carlos Matos Gomes.
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Leiam o texto,Um dos melhores sobre este assunto.Como Matos Gomes um dos melhores de Abril,no processo antes na Guiné,onde estivemos ,lutamos militarmente e politicamente,e somos esquecidos,e continuamos a luta depois, nos 500 dias do chamado PREC.!!! Tais como: Otelo,Salgueiro Maia,Sales Golias, Bouzas Serrano, Marques Pinto,Pessoa Brandão; José Morais, Sousa Pinto,Faia Correia,Mateus da Silva,Jorge Alves,Faria Paulino,Pinela,Os milicianos J.M.Barroso,Celso Cruzeiro,Barros Moura,Pratas e Sousa. A quem nos juntamos eu, D.Clemente e Matos Gomes e outros a quem peço perdão pelo possível esquecimento,.MDClemente.




O 25 de Abril e os revivalistas militares
Dos que mordem a mão de quem lhes abriu a porta
Muito raramente escrevo sobre assuntos militares. Evito fazê-lo porque estou há anos fora do serviço ativo e desconheço os elementos essenciais que fundamentam as decisões.
Escrevo desta vez porque me choca a violação do princípio do respeito pelo passado entre gerações de militares, e mistificação da História que mais uma vez e a propósito das comemorações do 25 de Abril li nas redes sociais, em textos da autoria de militares retirados do serviço, mas de uma geração que cumpriu a sua carreira já depois do fim da guerra colonial e do 25 de Abril.
A questão não é, nem era a manifestação de opinião, se em estado de emergência o Estado devia organizar uma cerimónia, nem em que moldes, direito legítimo, nem sequer a análise mais ou menos crítica do que a sociedade portuguesa e o Estado conseguiram nestes quarenta e seis anos, outro direito essencial, o que me chocou e choca foi, é, e tem sido (porque a atitude é recorrente e agrava-se, como os ataques de asma na Primavera) que o direito de critica e análise seja ardilosamente utilizado para minar os fundamentos do Estado democrático de direito e das instituições resultantes do 25 de Abril de 74, para ofender a honra de camaradas, tanto os que estiveram envolvidos no golpe de estado, como no processo político e até para com os que, ao longo dos anos, têm assumido funções de responsabilidade na política e nas chefias militares e a adulteração da História, que não tendo uma verdade assenta em factos.
Por esta ocasião da Primavera repetem-se e intensificam-se os argumentos clássicos desses militares, reunidos num grupo ainda de aparência inorgânica que, na essência, remetem para a velha questão do tempo de oiro perdido, os bons velhos tempos (que eles não conheceram e, pelo que se lê, não estudaram, apenas vendem à comissão): antigamente havia ordem e respeito, as forças armadas e de segurança eram um motivo de orgulho e hoje não há ordem e as forças armadas e de segurança são ofendidas e desrespeitadas; antigamente os chefes, políticos e militares, eram pessoas de respeito, respeitáveis, patriotas, competentes, e hoje os militares são uns vendidos políticos e os políticos uns corruptos que arrastam Portugal pelas ruas da amargura. Por fim e como pedra de fecho, Portugal era grande e grandioso (Portugal não é um país pequeno! — com mapa de Henrique Galvão), uma Pátria que merecia o respeito do Mundo e as Forças Armadas portuguesas um corpo militar admirado pelos seus pares. Enfim, a glorificação da política colonial e de guerra do regime chefiado, primeiro por Salazar, e depois por Marcelo Caetano. Em resumo, o 25 de Abril, o ato e o regime que dele resultou, destruíram três realidades: Ordem, Glória e Colónias! Não sendo possível reconstituir o domínio colonial, a luta destes novos patriotas militares parece ser pela imposição de um Estado de Ordem, Securitário e chorar pela Glória perdida. Uma estratégia de manipulação de opinião com claros objetivos políticos . Não há nenhuma inocência nestas “opiniões”.
Sendo um solitário, mais próximo dos lobos que das ovelhas, reconheço a lógica dos pastores dos rebanhos.
Este discurso da antiga grandeza imperial perdida é um argumento recorrente nos restauracionistas, eles surgem no presente com solução para tudo o que os seus antecessores não conseguiram. Estivessem eles nas Forças Armadas nas décadas de 60 e 70 e outro galo teria cantado! É um recorrente azar histórico: nunca são os donos da verdade a posteriori que estão nos lugares e nos tempos certos do presente da História!
Este discurso demagógico remete para um Portugal que nunca existiu. Alguns exemplos, o Ultimato Inglês foi uma demonstração de dissonância entre a política e os meios. As chamadas “campanhas de pacificação” após a Conferência de Berlim foram mais uma revelação de fraqueza. A campanha em Moçambique é desastrosa. As campanhas no Sul de Angola no final do século XIX, início do século XX, são reveladoras da mais chocante incapacidade. A participação de Portugal na Grande Guerra, numa apreciação que inclui políticos e militares nas três frentes, Angola, Moçambique e Flandres não é motivo para orgulho de ninguém.
A abordagem pelo Estado Novo, o que inclui Salazar e o alto comando das Forças Armadas, da questão colonial do pós-Segunda Guerra e do Movimento Descolonizador é um conjunto de tropeções de um bando de perdidos num mundo que não entendem, de um passado de que não sabem tirar lições e, fundamentalmente, de incompetência sobre um assunto elementar em política e na estratégia: avaliar uma situação conjugando o “ambiente operacional” (no caso a situação internacional) os meios de que dispõe e os objetivos que pretende atingir. Só o sacrifício da geração que esteve no 25 de Abril permitiu prolongar a guerra e iludir o facto de os políticos da época não saberem o que fazer dela nem com ela, continuar, aliarem-se aos sul-africanos, ou negociarem com os independentistas.
Essa geração, que é a minha, cumpriu e bateu-se como poucas ao longo da nossa História até para além dos limites razoáveis, por vezes em situações de vexame, como na Índia, ou de desprezo por parte de aliados, os EUA e a Inglaterra, que até impediram a utilização dos meios da NATO em África, aviões F 86, navios, viaturas (GMC) rádios, p.ex. A guerra irá terminar com os limitados (mas foi o que se conseguiu) caças bombardeiros portugueses Fiat G91 a serem abatidos por mísseis Strela das guerrilhas, porque os “aliados” colocavam sérias dificuldades em venderem outros mais modernos, com as forças portuguesas acusados internacionalmente de crimes de guerra e de genocídios, como os de Wiriamu! Com a população metropolitana ativa a fugir da guerra e da política do Estado Novo, centenas de milhares de emigrantes legais e clandestinos, uma parcela brutal do orçamento atribuído a despesas de guerra, 250 mil homens na idade produtiva nas Forças Armadas, proibição de os portugueses decidirem o seu futuro e, sequer, de o discutir!
Em 1974 as forças armadas portuguesas apenas participavam em exercícios na NATO através da Armada (onde sofriam vexames da parte dos seus aliados, nomeadamente nórdicos — noruegueses e holandeses), viviam num limbo internacional de que as participações mais ou menos encobertas de apoio aos mercenários do Congo e do Biafra não acrescentavam prestígio. Forças tão desprestigiadas e tão mal equipadas que em 1961 não conseguiram recuperar um navio mercante português, o «Santa Maria», em águas internacionais! Que em 1972/73 os seus aliados mais próximos por razões de sobrevivência, a África do Sul do apartheid e a Rodésia da independência unilateral, faziam relatórios arrasadores sobre o espírito combativo, sobre a estrutura de comando das forças portuguesas em Moçambique e Angola. Entretanto a Marinha Inglesa realizava um bloqueio ao porto da Beira! (Beira Patrol) — e Portugal era formalmente aliado de Inglaterra!
Foi a este “Estado a que isto chegou”, nas palavras de Salgueiro Maia, que uma parte dos militares, a dos melhores, desde logo pela razão elementar de terem ganho consciência da irracionalidade criminosa de uma política de guerra sem objetivo, nem fim, nem meios, uma guerra de queimar portugueses sem sentido, deu o devido e patriótico fim a 25 de Abril de 1974. O qual não devia, segundo esta franja de militares, ser comemorado! Li que a presença dos chefes de estado-maior não “dignificava as Forças Armadas”, que as envergonhava!
Foi o 25 de Abril que retirou Portugal do grupo dos estados-pária onde se encontrava. Que permitiu restabelecer ligações sem “vergonha” com aliados europeus e americanos, mas também com países do Terceiro Mundo, com o mundo árabe (o Egito, em particular), a África (OUA), a Ásia (China e Índia, em particular), a URSS e os seus aliados. Que abriu a porta a alguns desses militares hoje tão críticos do regime democrático e tão empenhados no ataque aos seus fundamentos para terem a oportunidade de participar em missões internacionais que, sem valorização de mérito político, os levaram à antiga Jugoslávia e ao Líbano, a Timor, a Angola, Moçambique, Guiné, Marrocos (Sara), na República Centro Africana, Bolívia, Afeganistão, entre os outros espaços de conflito internacional, em missões para as quais, durante a ditadura e a guerra colonial, os militares portugueses jamais haviam merecido serem considerados elegíveis para participarem!
Não há para estes “neo epopeicos” frustrados um ministro do regime do Estado de Direito que não seja ou tenha sido um biltre, a maioria dos generais são uns vendido. Os militar com responsabilidades no 25 de Abril são cobardes, ou traidores! Para eles, os virtuosos, a virtude do Estado e das Forças Armadas morreu a 25 de Abril de 1974! Entretanto veneram alguns “heróis do absurdo”, incapazes de perceber a razão dos seus atos. É este o discurso sublimar deste grupo de revivalistas, manipuladores da opinião.
Na realidade e é histórico, foi o 25 de Abril que dignificou a condição dos militares portugueses. O 25 de Abril foi obra de soldados, recorrendo a Mouzinho de Albuquerque. E foi o 25 de Abril, com os seus militares e políticos, com os seus defeitos e qualidades que colocou Portugal no concerto das nações respeitáveis.
O discurso primariamente patrioteiro — primário porque rejeita o conhecimento resultante do estudo, da investigação, da análise e patrioteiro, um termo de Eça de Queiroz, porque se refere a um conceito adulterado de pátria, tenta confundir eventuais erros de conduta, de avaliação, cometidos durante o período pós-25 de Abril de 74 e até hoje, ou de confronto de modelos de sociedade, com o erro fundamental assente na incapacidade de um regime ditatorial não só de ler a realidade, mas de ir contra ela e contra direitos fundamentais. É um discurso que pretende confundir erro, escolha, com a essência do Mal!
São estes militares que surgem associados de forma mais ou menos insidiosa aos que proclamam que o 25 de Abril não devia ser comemorado, porque o 25 de Abril não devia ter ocorrido, que o Estado Português, através dos seus órgãos de soberania, incluindo os chefes militares, não devia estar na Assembleia da República a 25 de Abril porque há uma epidemia! Que, por redução ao absurdo, defendem a única alternativa ao 25 de Abril que seria a continuação da política colonial e de uma ditadura — não há alternativa, não era possível um Portugal colonial integrado em qualquer espaço da comunidade internacional -, que Portugal devia continuar a sofrer mortos e a espalhá-los espalhados por África, desde que fosse na guerra, a ter mortos espalhados pelos países de emigração, sem despedidas possíveis, que Portugal devia continuar a ter milhares de portugueses confinados pelo mundo, por serem emigrantes ilegais, ou desertores e não poderem regressar para verem pais ou filhos.


Carlos Matos Gomes


Muito  bom   O melhor escrito sobre as razões do 25 de Abril de 1974.Grande abraço Carlos!!




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MFA Movimento Colectivo

MFA- Movimento Colectivo
A propósito de certos comentários justos mas incompletos e omissos.
Ainda não passaram anos suficientes para se entender que independente do que de brilhante e corajoso cada militar fez ou fez com maior saliência (Salgueiro Maia;Costa Martins;Garcia dos Santos -indispensável- ,Otelo e outros) o MFA foi um movimento colectivo e que se falhasse alguma operação outras se sucederiam eficazes para a vitória e para a revolução que o povo fez ao aderir...??? O fantasma do anti-comunismo ainda perdura? Leram mal a história e os papeis de Álvaro Cunhal(em Agosto) e Melo Antunes(em Novembro)....e de outros de nós!!!E do embuste que foi o 25 de Novembro que só contribuiu para dar força aos ingénuos e saudosistas do passado.E...que criando a maior divisão entre militares e civis...ela trouxe antigos personagens e estão na raiz de insucessos até hoje ,fora do espírito de ABRIL .MDC: 25,04,2020.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Coisas de Abril com nevoeiro


  • J,Manuel Barroso;NOTÍCIAS | DO BLOQUEIO
    (diário imperfeito, 24 de Abril as 23h)
    Foi o começo. “E depois do adeus”, na voz do Paulo de Carvalho. A seguir soaria o “Grandola”, do Zeca Afonso. Como um clarim. E terminou um regime e uma guerra. Quase cinco décadas de ditadura e treze de guerras em África. Como todas as mudanças desta dimensão, mudança traumática. Um corte na Historia. Tempos de esperança e de desesperança. A democracia teve de esperar por uma descolonização em tropel para se estabilizar e vingar. Portugal esteve no centro das lutas das grandes potências mundiais. No centro das chamadas guerras frias,
    Entre o 25 de Abril da festa e o 25 de Novembro da quase guerra civil, dezanove meses de lutas pelo poder. Vários programas do mfa, de facto, cinco contando politicamente. Seis governos, média de um a cada três meses. Golpes palacianos e tentativas de golpe militar. E finalmente a estabilidade. E o voto popular. É muito para um povo. Quando comemoramos o 25 de Abril, neste ano de terror no mundo, esquecemos o que custou a democracia. Abril tem muitos abril dentro.
    “Onde estava no 25 de Abril?”, costumava perguntar o jornalista Baptista Bastos aos convidados do seu programa na tv. Eu respondo, e isto responde também pelo desliterário diário desta noite. Eu era militar, capitão
    miliciano, e estava na Guiné. Tinha chegado cerca de dois anos e até conspirado, depois disso. Trabalhado com Spinola e partilhado anseios de mudança com Otelo, Almeida Bruno, Matos Gomes, Manuel Monge, Jorge Golias, Duran Clemente, Carlos
    Fabiao, e tantos tantos outros que omito por ser longa a lista. Todos eles uma peça, mais ou menos importante no puzzle
    que culminou numa noite, no começo mera data como esta.
    Estávamos, em Bissau, também na conspiração. e éramos possível recurso de acção. Caso na metrópole o golpe falhasse. A Guiné foi determinante para o que se passou. Pelos militares que por lá cumpriram missão. Pela contestação organizada, que lá teve início bem antes do determinante ‘movimento dos capitães’, Pelo corajoso e importante livro “Portugal e o Futuro”. Começado a escrever pelo general António de Spinola, então governador e Comandante Chefe e depois primeiro Presidente. Por lá passaram o Otelo, o Salgueiro Maia, o Vasco Lourenco.
    Se escrevo isto hoje, nesta noite de
    solidão, é porque estou aovlado e do lado de todos os que lutaram. Oficiais e soldados. E civis. Tenho memória, e memórias. Esta data diz-me respeito.



    • Manuel Duran Clemente Omites o meu nome porquê....tens vergonha ou esqueceste uma das primeiras reunióes de 31 de Julho que estavamos Golias,Jorge Alves(FA)Coutinho, tu e eu...e que andamos quase um ano juntos,conspirando e recrutando militares do quadro e milicianos como Celso Cruzeiro e Barros Moura ...e regressaste a Lisboa logo a seguir ao 25 de Abril...ficando alguns de nós com o problema de pressão para dar luz à total independência da Guiné-Bissau..Abraço.
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    • Manuel Duran Clemente Jose Manuel R Barroso -Manuel Duran Clemente omiti pelo acaso da escrito. Mas recordo-o agora. Por ser justo e verdadeiro. Abraço.
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    • Manuel Duran Clemente Ainda Bem ABRAÇO.
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    • Manuel Duran Clemente Esclareço não conspiraste com militares do quadro como Almeida Bruno ,Manuel Monge e Carlos Fabião que chegou depois a 7 de Maio.A conspiração teve uma comissão de capitães do exercito e mais tarde aderiram capitães da Armada e da F.Aérea. A conspiração foi essencialmente feita por essa comissão (M.Coimbra,D.Clemente,Matos Gomes e Sousa Pinto) por Otelo e Salgueiro Maia(regressados a Lisboa em Setembro de 1973) Sales Golias,Faia Correia,Faria Paulino,Jorge Alves,Pessoa Brandão,Bouzas Serrano,e muitos outros
      • Jose Manuel R Barroso Manuel Duran Clemente Manel a conspiração dos oficiais do QP, sobretudo ao decreto é outra coisa. Não confundas e não cries polémica desnecessária, Falei em geral da conspiração política, da vontade de mudar as coisas. Sem me colocar em bicos dos pés. Exemplifiquei e falei verdade. A conspiração foi de muitos. So de assinaturas de oficiais e de sargentos milicianos e até de soldados vieram para Lisboa muitas dezenas na contestação ao chamado Congresso dos Combatentes. É História tudo isto. É tempo de salientar o contributo de todos e não os bicos dos pés,
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      • Manuel Duran Clemente A conspiração como sabes bem tinha em grande parte de oficiais do Quadro e Milicianos a mudança politica.É triste que te tenhas esquecido que depois da nossa primeira reunião quisemos elaborar um documento que alertasse politicamente os oficiais do quadro e que cada um ficou de escrever uma parte. Sorte caiu-nos de bandeja o célebre decreto-lei- Bicos dos pés não ;VERDADES ESQUECIDAS.A assinatura dos 400 oficiais do quadro e milicianos é sobre o Congresso dos Combatentes não tem nada a ver com a conspiração a partir de Agosto e do nosso documento assinado por quase 50 oficiais do Quadro e que evoluiu, como em Lisboa, para o golpe armado, numa gestação curiosa de 9 meses. Como Jornalista és muito bom a baralhar as coisas e a omitires.Mas há sempre uma verdade.Abraço.
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    • Manuel Duran Clemente 25 de Abril na Guiné.

      Retalhos duma revolução (na Guiné) e partilha com Carlos Matos Gomes do seu texto "A propósito das comemorações de 25 de Abril e das hipocrisias ".


      Estive sempre nessas reuniões, e o Carlos também, pois fazíamos parte dos quatro militares eleitos da comissão de capitães, com Almeida Coimbra ( já major) e ainda o capitão Antonio Caetano(falecido anos depois) que cedo desistiu, sendo substituído pelo capitão Sousa Pinto,comandante da PM em Bissau,(hoje general).

      Esse jantar com o Brigadeiro Banazol (comandante militar da Guiné ,isto é, do CTIG),cuja parte é relatada por Carlos M.Gomes (partilhado em baixo) ficou célebre. Vagos ,Otelo e eu próprio colocámos questões embaraçosas ao Brigadeiro...que em fins de Dezembro acolheria e me apresentou o seu irmão Luís Ataíde Banazol,chegado das reunuões do MFA em Lisboa...Estivemos presentes cerca de 30 capitães,de geração mais nova e mais antiga,a referida por Carlos. A Biblioteca do Quartel General situava-se no Batalhão de Intendência (instalações gémeas do Quartel General em frente umas das outras) .Eu era segundo comandante deste Batalhão. Primeiro comandante major Madeira Peste .Quando a comissão foi eleita decidiu informar o Brigadeiro Banazol e este ,ainda que zangado com os capitães, pelo documento enviado às hierarquias do Estado e das Forças Armadas,achou por bem que reuníssemos na referida Biblioteca.Impôs como condição que lhe déssemos conhecimento do teor das reuniões Tivemos lá algumas reuniões,entre elas uma com a intervenção calorosa de Salgueiro Maia ,contra o que se passava,em Setembro de 1973.Claro que face à postura do Brigadeiro nunca mais lhe divulgamos nada!O nosso trabalho foi angariar aderentes à nossa causa e revolta. Em consequência chegámos a 1974 tínhamos delegações dos capitães(e do MFA) em 95% de todas as guarnições da Guiné. Que depois do 25 Abril tomaram conta das mesmas, nas poucas unidades onde os comandantes não aderiram e foram enviados para Lisboa com as restantes chefias, ao mais alto nível, não aderentes. O MFA da Guiné nomeou novo Comandante-Chefe (interino) ,Comandantes dos Ramos e substituí restantes chefias não concordantes. Nomeámos o Major Mateus da Silva representante da Junta de S.N. até chegar o Brigadeiro Carlos Fabião, a 07 de Maio, como novo governador e Comando -Chefe.Tínhamos, para tratar, o problema da independência já proclamada unilateralmente.
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      Lista dos capitães do Exercito que assinaram em 28 de Agosto o documento de reprovação da situação:

      Capitão Almeida Coimbra;(promovido entretanto a Major)
      Capitães:
      Simões Vagos;Fernandes Amarante;Marques Nunes;Otelo S.Carvalho;Carlos S.Costa; Joaquim Branco;Horta Marques;Ribeiro do Amaral;Ferros de Azevedo;Queiroz de Lima;Vieira Nascimento;Lopes Rego; Alves Monteiro;Baptista Serra;António Caetano;Mendes Ferreira;Duran Clemente;Matos Gomes;Ribeiro de Faria;Salgueiro Maia;José Coutinho:Sousa Pinto;Varela Rubim;Rito Raimundo;Sales Golias;Ferreira Lopes;Rola Pata;Rodrigues Videira;Salgado Martins;Matos Alves;Oliveira Freire;Pereira Vicente;Carvalho Bicho;Pontes Fernandes; Manuel Monge;Leão Repolho; Santos Leite;Almeida Martins (páraquedista);Terras Marques (páraquedista);Lopes Saraiva; Simões da Silva; Anjos Costa; Sousa Bernardes(páraquedista); Pinto Guedes;
      Tenentes: Tenente Saldanha do Vale (tirocinante SAM); Tenente Artur Moutinho(idem SAM).

      Uma manifestação colectiva ilegal que segundo as memórias de Marcelo Caetano ,este diz,a páginas tantas:"fiquei muito preocupado quando recebi o documento dos capitães da Guiné"

      Grande parte deste militares estiveram no jantar em causa!!!
      Mais capitães podiam ter assinado mas encontravam-se bastante longe de Bissau.
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      Texto,a seguir, uma partilha de Matos Gomes sobre certos acontecimentos na Guiné e a referência aos capitães de geração mais velha !

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      Obs:Subscrevo Matos Gomes,«relembro com saudade essa oportunidade histórica (mas sobretudo de enriquecimento pessoal) que tive de participar nesse ato de dignidade, de verdade, de lealdade.»
      Estivemos sempre juntos ,a comissão funcionou até ao dia 07 de Maio e depois já com o Carlos Fabião houve uma remodelação que integrava militares da Armada e da Força Aérea: Comissão Central e Comissões por armas, acrescentando mais militares tais como Jorge Golias, Pessoa Brandão,Marques Pinto,Bouza Serrano,Faria Paulino,Jorge Alves, Pinela e Sobral. Como já disse tínhamos , para tratar, o problema da independência já proclamada unilateralmente.E tratámos em consonância com outras entidades nacionais e internacionais e PAIGC.

      Manuel Duran Clemente.(21.04.2020)

      (Clikar em baixo no titulo do Carlos Matos Gomes ,para ler todo o texto dele)

      «Uma pequena história sobre locais de reunião. Estamos no Verão de 1973. Na Guiné, um grupo de militares, quase todos capitães, reúne-se regularmente para conspirar. A conspiração tem dois níveis, o da contestação a um decreto sobre carreiras e o da contestação à política colonial da guerra eterna até ao desastre final de uma nova Índia.....» Carlos Matos Gomes (ver minha cronologia)
      • Jose Manuel R Barroso Manuel Duran Clemente E a razão é simples. Eu era capitão miliciano e os outros do quadro. A minha luta era geral, a vossa corporativa e depois política. Como é sabido. E não foi por acaso que eu estive onde estive no 24 e depois no no 26 e 27. E que fui o primeiro ‘saneado’ por Spinola ao me impedir de regressar à Guiné, por julgar ser um um dos “comunistas” do MFA da Guiné. Por azar eu não era, os que eram ficaram lá todos hehe. Coisas dos abris de Abril... mas não vou alimentar esta polémica no meu sítio da FB. Quem lê não vem aqui para isso. Abraço.
      • Manuel Duran Clemente Ninguém te tira qualquer parte da luta que travaste e travámos.Alguns de vocês por causa de acontecimentos posteriores esquecem-se do "ditos comunistas" por conveniência....ou irritação. Mas por acaso o Barros Moura (mais outros Golias e,Alves) o único comunista conhecido veio a Lisboa e esclareceu o Costa Gomes. Costa Gomes conhecia-me bem (de Moçambique) e à minha família do lado da minha mulher de então,a Vera Blanco, mãe da minha filha Rita.
    • João Folque Cidadão Clemente, se me permite a pergunta: qual era a vossa causa e revolta? A que é que se referia a carta dos capitães da Guiné? E já agora, o que o moveu a ser militar?
    • Manuel Duran Clemente Começo pelo fim .Fui militar por insistência do meu pai militar e por ter estudado 8 anos nos Pupilos onde fui o melhor aluno do meu curso e comandante de batalhão em 1960/61. Fui nº 1 do meu curso SAM na AM, E como oficial ,nos curtos 10 anos tenho vários louvores -cinco- de general- e a condecoração de Cavaleiro de Ordem de Aviz e das campanhas de Moçambique,A minha causa e revolta e de muitos era a injustiça da guerra,a riqueza só para alguns (8 familias) e um povo na miséria...Acabar com o regime. Sabe, eu estive no Congresso da Oposição e mais 20 militares jovens disfarçados , Eu sei que muitos pretendem dar a volta ao texto e se esquecem do nosso programa politico do MFA. Saudações.
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    • João Folque Vai ter que fazer o favor de me desculpar, mas o que me mete confusão é que pessoas como o cidadão Clemente, quando vão para o exército, já sabiam ao que iam: aguentar a política sem sentido do regime de então. Ir para as Forças Armadas não era a mesma coisa do que querer ser engenheiro civil ou advogado, ou outra coisa qualquer que não criasse amarras com regime caduco.Mas não perca tempo comigo que certamente tem coisas importantes e interessantes que fazer, mas, de qualquer, forma, obrigado pelo anterior resposta.
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          • Jose Manuel R Barroso João Folque desculpe meter-me nesta conversa hehe. Mas entenda que, sobretudo naquele tempo, aos 17 anos não se tinha a consciência política que hoje (depois de...) se julga ser fácil. Não era. A informação não era como hoje é. A esmagadora maioria das pessoas, dos cidadãos, não tinha exata consciência das coisas. Queria “viver habitualmente”, como dizia Salazar. Cuidar da sua vidinha, e dos seus. Não havia debate político. Ir para o seminário era poder se educar, independente da vocação. E ir para o Exército era subir socialmente, independente da vocação.
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          • João Folque Ó Zé Manel, eu só quero perceber, mais nada. Era o que faltava eu querer julgar fosse quem fosse. Não tenho, nem categoria ou legitimidade moral para tal, nem aspiração para tal tarefa. Até porque nas Forças Armadas estavam lá pessoas por quem tenho grande admiração e apreço intelectual, como o cidadão Carlos Matos Gomes.
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          • Jose Manuel R Barroso João Folque eu entendi, João! O meu comentário era, pretendia ser, uma contextualização (que palavrão!) do cerne da sua pergunta ao Clemente. Destinada também aos que nos leem. Abraço.
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          • Manuel Duran Clemente João Folque Carlos Matos Gomes tb foi para a Academia e na Guné foi comigo e com outros dos mais contestatários do Regime. Fique sabendo eu quis sair das FA e até fugi da Academia. Mas o Meu pai encontro-me ao 5º dia e o meu passado fez o resto.Achavam que seria um bom militar.E tive a honra de o ser.E mais por ter colaborado no Movimento das Forças Armadas desde sempre . O Zé Manuel sabe isso muito bem.Agora poderá achar que me quero por em bicos dos pés.Felizmente pelo que fui e fiz não preciso!Cada um sabe de si...e muito mais teria e tenho para contar e desfazer manipulações!Saudações por hoje!
          • Jose Manuel R Barroso Manuel Duran Clemente verdade! JOÃO FOLQUE, eu tinha um passado de luta ativa. Fora militante do PCP, no liceu e na universidade. Presidente da pro associação dos liceus (comandada pelo pc) e presidente eleito da associação de Econômicas. Mandado compulsivamente para a tropa. Candidato pela Oposição em 1969. Estive sete anos na tropa. Dois na Guiné, como capitão. Quando lá cheguei fiquei abismado. A oficialidade de Spinola e muita da outra que não moraria de amores pelo general - e o próprio general,com quem
            tive a honra de trabalhar - era e falava abertamente em derrubar o regime. Achei-me ‘em casa’. Hehe
          • Manuel Duran Clemente Jose Manuel R Barroso E nem todos tinham liceus ou colégios à mão.
          • João Folque Muito obrigado pelas vossas respostas e pelo tempo que perderam comigo. Saudações (leoninas)
          Escreve uma resposta...

        • Manuel da Costa Muito bem Zé. E é mesmo isso, na singeleza de curta frase: “Abril tem muitos abril dentro”.
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    Escreve um comentário...
    Manuel Duran Clemente Jose Manuel R Barroso Encontraste esse clima e ainda achas que não havia vontade de mudar o Regime? Foi o que eu senti na primeira noite que cheguei e falámos....Grande contradição???


  • Jose Manuel R Barroso Manuel Duran Clemente que trapalhada na tua cabeça pá! Foste o único. O Golias e o Matos Gomes não acharam nada disso. Eram mais perspicazes hehe
  • Manuel Duran Clemente O Golias numa reunião na primeira ou segunda reunião no Clube Militar até disse que se calhar tínhamos de derrubar o poder com armas...o que deixou alguns (dos 30 capitães) aflitos ....Do que estás esquecido meu Amigo!?? Aliás foi a primeira voz a fazê.lo sem ser em privado....Deixa-te de dar cobro aos que pretendem diminuir os capitães ,o MFA e se esquecem do seu Programa Politico. Mais perspicazes, porquê?Claro que tudo teve a sua evolução e alcance de mais maturidade e de adesão...É exemplo lá ,o caso do Mensurado que depois de vir a Lisboa falar com o Spínola , (Já tinha saído o LIvro deste,facto muito importante para os indecisos) em fins de Fevereiro /74 , adere ao MFA com o seu Regimento de Páraquedistas....e antes nunca tinha conspirado!!! Tudo isto sabes que é verdade!Abraço,