segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

UCRÂNIA Kiev desde no sec.XI

 

UCRÂNIA

Rússia de Quieve no século XI.

Durante a idade de ouro de Quieve, as terras do principado alcançavam grande parte das atuais Ucrânia, Bielorrússia e Rússia europeia Durante os séculos IX, X, XI e XII o território da Ucrânia tornou-se o centro de um Estado poderoso e prestigioso na Europa, a Rússia de Quieve, o que estabeleceu a base das identidades nacionais ucraniana e das demais nações eslavas orientais nos séculos subsequentes. A capital do principado era Quieve, conquistada aos czares por Ascoldo e Dir por volta de 860.

Conforme a Crônica de Nestor, a elite do principado era inicialmente formada por varegues provenientes da Escandinávia que foram mais tarde assimilados à população local de modo a formar a dinastia ruríquida. A Rússia de Quieve era formado por diversos domínios governados por príncipes ruríquidas aparentados. Quieve, o mais influente de todos os domínios, era cobiçado pelos diversos membros da dinastia, o que levava a enfrentamentos frequentes e sangrentos. A era dourada do principado coincide com os reinados de Vladimir, o Grande (r. 980–1015), que aproximou o seu Estado do cristianismo bizantino, e seu filho Jaroslau I, o Sábio (1019-1054), que viu o principado atingir o ápice cultural e militar.

O processo de fragmentação que se seguiu foi interrompido, em alguma medida, pelos reinados de Vladimir Monômaco (1113-1125) e de seu filho, o príncipe Mistislau I (r. 1125–1132), mas o território terminou por desintegrar-se em entidades separadas após a morte do último. A invasão mongol do século XIII desferiu ao principado o golpe de misericórdia, do qual nunca União de Lublim de 1569, por Jan Matejko, 1869, óleo sobre tela, Museu Nacional, Varsóvia Na região correspondente ao atual território da Ucrânia, sucederam a Rússia de Quieve os principados de Galícia e de Volínia, posteriormente fundidos no Reino da Galícia-Volínia, liderado por Daniel da Rutênia.

Em meados do século XIV, o Estado foi conquistado por Casimiro IV da Polônia, enquanto que o cerne da antiga Rússia de Quieve - inclusive a cidade de Quieve - passou ao controle do Grão-Ducado da Lituânia. O casamento do grão-duque Jagelão da Lituânia com a rainha Edviges da Polônia pôs sob controle dos soberanos lituanos a maior parte do território ucraniano. Por força da União de Lublim, de 1569, que criou a Comunidade Polaco-Lituana, uma porção considerável do território ucraniano passou do controle lituano para o polonês, transferido para a coroa da Polônia.

Sob pressão de um processo de "polonização", a maior parte da elite rutena (isto é, eslava ou eslavizada, mesmo que de origem lituana) converteu-se ao catolicismo. O povo, porém, manteve-se fiel à Igreja Ortodoxa, o que levou ao surgimento de tensões sociais demonstradas, por exemplo, pela União de Brest, de 1596, pela qual Sigismundo III Vasa tentou criar uma Igreja Católica Grega Ucraniana vinculada à Igreja Católica Romana.

Os plebeus ucranianos, vendo-se sem a proteção da nobreza rutena - cada vez mais convertida ao catolicismo romano - voltaram-se para os cossacos (fervorosamente ortodoxos) em busca de segurança. Cossacos (1600-1800) Após a invasão mongol da Rússia, grande parte da Ucrânia foi controlada pelo Grão-Ducado da Lituânia e, após a União de Lublin (1569), pela Polônia dentro da Comunidade Polaco-Lituana, ilustrada aqui em 1619.

 Em meados do século XVII, um quase-Estado cossaco, o Zaporozhian Sich, foi criado pelos cossacos do Dniepre e pelos camponeses rutenos que fugiam da servidão polonesa. A Polônia não tinha o controle efetivo daquela área, hoje no centro da Ucrânia, que se tornou então um Estado autônomo militarizado, ocasionalmente aliado à comunidade. Entretanto, a servidão do campesinato pela nobreza polonesa, a ênfase da economia agrária da Comunidade na exploração da mão de obra servil e, talvez a razão mais importante, a supressão da fé ortodoxa terminaram por afastar os cossacos e a Polônia. Assim, os cossacos voltaram-se para a Igreja Ortodoxa Russa, o que levaria finalmente à queda da Comunidade Polaco-Lituana.

A grande rebelião cossaca de 1648 contra a comunidade e contra o rei polonês João II Casimiro levou à partilha da Ucrânia entre a Polônia e a Rússia, após o tratado de Pereyaslav e a guerra entre Rússia e Polônia. Com as partilhas da Polônia no final do século XVIII entre a Prússia, a Áustria e a Rússia, o território correspondente à atual Ucrânia foi dividido entre o Império Austríaco e o Império Russo, aquele anexando a Ucrânia Ocidental (com o nome de província da Galícia), este incorporando o restante do território ucraniano.

Em que pese o fato de que as promessas de autonomia da Ucrânia conferidas pelo tratado de Pereyaslav nunca se materializaram, os ucranianos tiveram um papel importante no seio do Império Russo, participando das guerras contra as monarquias europeias orientais e o Império Otomano e ascendendo por vezes aos mais altos postos da administração imperial e eclesiástica russa.

Posteriormente, o regime czarista passou a executar uma dura política de "russificação", proibindo o uso da língua ucraniana nas publicações e em público.

Era soviética Soldados do Exército Insurgente da Ucrânia em 1917 O colapso do Império Russo e do Império Austro-Húngaro após a Primeira Guerra Mundial, bem como a Revolução Russa de 1917, permitiram o ressurgimento do movimento nacional ucraniano em prol da autodeterminação.

Entre 1917 e 1920, diversos estados ucranianos se declararam independentes: o Rada Central, o Hetmanato, o Diretório, a República Popular Ucraniana e a República Popular Ucraniana Ocidental. Contudo, a derrota daquela última na Guerra Polaco-Ucraniana e o fracasso polonês na Ofensiva de Quieve (1920) da Guerra Polaco-Soviética fizeram com que a Paz de Riga, celebrada entre a Polônia e os bolcheviques em março de 1921, voltasse a dividir a Ucrânia.

 (continuação) UCRÂNIA.    A porção ocidental foi incorporada à nova Segunda República Polonesa e a parte maior, no centro e no leste, transformou-se na República Socialista Soviética Ucraniana em março de 1919, posteriormente unida à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, quando esta foi criada, em dezembro de 1922.

O ideal nacional ucraniano sobreviveu durante os primeiros anos sob os soviéticos. A cultura e a língua ucranianas conheceram um florescimento quando da adoção da política soviética de nacionalidades. Seus ganhos foram postos a perder com as mudanças políticas dos anos 1930. Vítima do Holodomor numa rua da cidade ucraniana de Kharkiv, em 1932

A industrialização soviética teve início da Ucrânia a partir do final dos anos 1920, o que levou a produção industrial do país a quadruplicar nos anos 1930. O processo impôs um custo elevado ao campesinato, demograficamente a espinha dorsal da nação ucraniana.

Para atender a necessidade de maiores suprimentos de alimentos e para financiar a industrialização, Josef Stálin e Lazar Kaganovitch estabeleceram um programa de coletivização da agricultura pelo qual o Estado combinava as terras e rebanhos dos camponeses em fazendas coletivas.

O processo era garantido pela atuação dos militares e da polícia secreta: os que resistiam eram presos e deportados. Os camponeses viam-se obrigados a lidar com os efeitos devastadores da coletivização sobre a produtividade agrícola e as exigências de quotas de produção ampliadas.

 Tendo em vista que os integrantes das fazendas coletivas não estavam autorizados a receber grãos até completaram as suas impossíveis quotas de produção, a fome tornou-se generalizada. Este processo histórico, conhecido como Holodomor (ou Genocídio Ucraniano), levou milhões de pessoas a morrerem de fome. Na mesma época, os soviéticos acusaram a elite política e cultural ucraniana de "desvios nacionalistas", quando as políticas de nacionalidades foram revertidas no início dos anos 1930.

Duas ondas de expurgos (1929-1934 e 1936-1938) resultaram na eliminação de quatro-quintos da elite cultural da Ucrânia.

Segunda Guerra Mundial Quieve em ruínas durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade foi ocupada pela Alemanha nazista entre 1941 e 1943.

Durante a Segunda Guerra Mundial, alguns membros do subterrâneo nacionalista ucraniano lutaram contra nazistas e soviéticos, indistintamente, enquanto que outros colaboravam com ambos os lados.

Em 1941, os invasores alemães e seus aliados do Eixo avançaram contra o Exército Vermelho. No cerco de Quieve, a cidade foi designada pelos soviéticos como "Cidade Heroica" pela feroz resistência do Exército Vermelho e da população local. Mais de 660 000 soldados soviéticos foram capturados ali.[15][16]

De início, os alemães foram recebidos como libertadores por muitos ucranianos na Ucrânia Ocidental. Entretanto, o controle alemão sobre os territórios ocupados não se preocupou em explorar o descontentamento ucraniano com as políticas soviéticas; ao revés, manteve as fazendas coletivas, executaram uma política de genocídio contra judeus e de deportação para trabalhar na Alemanha (ver: Holocausto na Ucrânia).

Dessa forma, a maioria da população nos territórios ocupados passou a opor-se aos nazistas.[15]

As perdas totais civis durante a guerra e a ocupação alemã na Ucrânia são estimadas entre cinco e oito milhões de pessoas, inclusive mais de meio milhão de judeus. Dos onze milhões de soldados soviéticos mortos em batalha, cerca de um-quarto eram ucranianos étnicos.[16]

Com o término da Segunda Guerra Mundial, as fronteiras da Ucrânia soviética foram ampliadas na direção oeste, unindo a maior parte dos ucranianos sob uma única entidade política. A maioria da população não ucraniana dos territórios anexados foi deportada. Após a guerra, a Ucrânia tornou-se membro das Nações Unidas.

Chernobil Usina Nuclear de Chernobil após a explosão do reator n.º 4. Entre os dias 25 e 26 de abril de 1986, o reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobil explodiu após um teste de rotina, perto da cidade de Pripyat, no norte da República Socialista Soviética da Ucrânia, próxima da fronteira com a República Socialista Soviética da Bielorrússia, ambas parte da União Soviética.[17] Uma combinação de falhas inerentes no projeto do reator, bem como dos operadores dos reatores que organizaram o núcleo de uma maneira contrária à lista de verificação para o teste, resultou em condições de reação descontroladas.

A água superaquecida foi instantaneamente transformada em vapor, causando uma explosão de vapor destrutiva e um subsequente incêndio que jogou grafite ao ar livre[18] e produziu correntes ascendentes consideráveis por cerca de nove dias.[19] O fogo foi finalmente contido em 4 de maio de 1986.[20] As plumas de produtos de fissão lançadas na atmosfera pelo incêndio precipitaram-se sobre partes da União Soviética e da Europa Ocidental.

O inventário radioativo estimado que foi liberado durante a fase mais quente do incêndio foi aproximadamente igual em magnitude aos produtos de fissão aerotransportados liberados na explosão inicial.[21] O número total de vítimas, incluindo os mortos devido ao desastre, continua a ser uma questão controversa e disputada.[22]

Durante o acidente, os efeitos da explosão de vapor causaram duas mortes dentro da instalação: uma imediatamente após a explosão e a por uma dose letal de radiação. Nos próximos dias e semanas, 134 militares foram hospitalizados com síndrome aguda da radiação (SAR), dos quais 28 bombeiros e funcionários morreram em meses.[23] Além disso, cerca de quatorze mortes por câncer induzido por radiação entre esse grupo de 134 sobreviventes ocorreram nos dez anos seguintes.[24]

Entre a população em geral, um excedente de 15 mortes infantis por câncer de tireoide foi documentado em 2011.[25][26]

A catástrofe de Chernobil é considerada o acidente nuclear mais desastroso da história, tanto em termos de custo quanto de baixas. É um dos dois únicos acidentes de energia nuclear classificados como um evento de nível 7 (a classificação máxima) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares, sendo o outro o acidente nuclear de Fukushima I, no Japão, em 2011.

Independência Presidente ucraniano Leonid Kravtchuk e Boris Iéltsin assinando o Pacto de Belaveja, que tornava a Ucrânia independente O colapso da União Soviética em 1991 permitiu a convocação de um referendo que resultou na proclamação da independência da Ucrânia.

Após isso, o país experimentou uma profunda desaceleração econômica, maior do que a de algumas das outras ex-repúblicas soviéticas. Durante a recessão, a Ucrânia perdeu 60% do seu PIB entre 1991 e 1999,[28][29] além de ter sofrido com taxas de inflação de cinco dígitos.[30] Insatisfeitos com as condições econômicas, bem como as taxas de crime e corrupção, os ucranianos protestaram e organizaram greves.[31] A economia ucraniana estabilizou-se até o final da década de 1990.

A nova moeda, o hryvnia, foi introduzida em 1996.

 Desde 2000, o país teve um crescimento econômico real constante, com média de expansão do PIB de cerca de 7% ao ano.[32]

A nova constituição ucraniana, que foi adotada durante o governo do presidente Leonid Kuchma em 1996, acabou por tornar a Ucrânia uma república semipresidencial e estabeleceu um sistema político estável.

Kuchma foi, no entanto, criticado por adversários por corrupção, fraude eleitoral, desestimulação da liberdade de expressão e muita concentração de poder em seu cargo. Ele também transferiu, por várias vezes, propriedades públicas para as mãos de oligarcas fiéis a ele.[33]

 Manifestantes na Praça da Independência (Maidan Nezalejnosti), no primeiro dia da Revolução Laranja .

Em 2004, Viktor Yanukovych, então primeiro-ministro, foi declarado vencedor das eleições presidenciais, que tinham sido largamente manipuladas, como o Supremo Tribunal da Ucrânia constatou mais tarde.[34]

Os resultados causaram um clamor público em apoio ao candidato da oposição, Viktor Yushchenko, que desafiou o resultado oficial do pleito. Isto resultou na pacífica Revolução Laranja, a qual foi reprimida violentamente, mas que trouxe Viktor Yushchenko e Yulia Tymoshenko ao poder, enquanto lançou Viktor Yanukovych à oposição.[35] Yanukovych retornou a uma posição de poder em 2006, quando se tornou primeiro-ministro da Aliança de Unidade Nacional,[36] até que eleições antecipadas em setembro de 2007 tornaram Tymoshenko primeira-ministra novamente.[37]

Disputas com a Rússia sobre dívidas de gás natural interromperam brevemente todos os fornecimentos de gás à Ucrânia em 2006 e novamente em 2009, levando à escassez do produto em vários outros países europeus.[38][39] Viktor Yanukovych foi novamente eleito presidente em 2010, com 48% dos votos.[40]

Euromaidan (uma compilação de Joffre Antonio Justino)

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